Nas redes sociais, nas últimas eleições, apoiadores do tucano José Serra bombardeavam a candidata petista Dilma Rousseff por ela ter sido guerrilheira durante a ditadura militar brasileira que atolou o país no obscurantismo a partir de 1964. A escolha por Aécio Neves de Aloysio Nunes Ferreira para seu vice enterra um dos argumentos mais usados pela direita mais extrema em relação a quem participou da luta armada contra terrorismo de Estado. Aloysio Nunes Ferreira é conhecido como o “motorista de Marighella”. O vice de Aécio participou com Carlos Marighella, executado pelos militares em 1969, da Ação Libertadora Nacional. Aloysio tem uma biografia de guerrilheiro de linha de frente. Não ficou nos bastidores. Fez bem.
Em “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”, Mario Magalhães apresenta Aloysio portando uma carabina e dirigindo o carro usado por seus companheiros para fugir depois do assalto ao trem-pagador Santos-Jundiaí em agosto de 1968. Cena de filme. Coube a Aloysio a tarefa delicada de levar o dinheiro arrecadado. Dois meses depois, em outubro de 1968, Aloysio participou de outro assalto, o ataque ao carro-forte da Massey Ferguson. Melhor não contar com ela para financiamento de campanha. Aloysio exilou-se em Paris. Na volta ao Brasil, passou pelo PCB e pelo PMDB até achar seu galho no PSDB. Em 2003, quando Dilma assessorava Lula, a revista Veja disparou: “O cérebro do roubo ao cofre – com passado pouco conhecido, a ministra envolveu-se em ações espetaculares de guerrilha”.
Dilma teria concebido o roubo do cofre do governador paulista Adhemar de Barros.
Como é sabido que Dilma não pegou em armas, Veja encontrou um jeito de comprometê-la um pouco mais, o depoimento do ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues, o “Leo”, “que ajudou o capitão Carlos Lamarca a roubar uma Kombi carregada de fuzis de dentro de um quartel do Exército, em Osasco”. Segundo Leo, “a Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação”. Será que Veja relembrará agora esse passado guerrilheiro de Aloysio? Estou ansioso pelos textos dos lacerdinhas da mídia central Rodrigo Constantino, Lobão, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli e Olavo de Carvalho sobre esse passado belicoso do candidato tucano. O PSDB deixou correr a baba contra a “terrorista” Dilma.
A guerra de guerrilhas está empatada. Não condeno Aloysio nem Dilma. Intuo que a ala udenista que apoia Aécio ficará constrangida e triste por não poder se deliciar com a baixaria que mais a satisfaz. O guerrilheiro Aloysio tinha por codinome Mateus. Fugiu para Paris com passaporte falso. Manteve estreita amizade com Fidel Castro, tendo sido levado pelo ditador, em 2001, até o avião no aeroporto de Havana. Arranjou campo de treinamento para guerrilheiros na Argélia. Fez o que considerava necessário para combater a ditadura. O que vão dizer agora? Mateus, primeiro os teus? Ou os dos outros?
A coordenação da campanha tucana será feita por José Agripino, do DEM, aquele mesmo que perguntou a Dilma se ela mentira sob tortura. O lacerdão Agripino coordenando a campanha do guerrilheiro terrorista Aloysio Nunes. Uau!
Reprodução do Blog do Juremir Machado da Silva.
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