sexta-feira, 4 de julho de 2014

Espião alemão é preso suspeito de trabalhar para os EUA


A Alemanha convocou nesta sexta-feira (4) o embaixador dos Estados Unidos em Berlim, John Emerson, para conversar sobre a prisão de um alemão acusado de espionagem.
Segundo a mídia alemã, o homem de 31 anos trabalha para o serviço secreto do país (BND), mas repassou informações aos EUA, inclusive sobre a investigação que o Parlamento alemão acerca da espionagem americana.
O homem, que foi preso na quarta-feira (2) inicialmente sob suspeita de passar informações para a Rússia, teria revelado ao procurador-geral que vendeu informações aos EUA.
O jornal alemão "Bild" afirma que o suspeito trabalha como agente duplo há dois anos e que roubou 218 documentos confidenciais. O homem teria oferecido as informações à embaixada dos EUA em Berlim em 2012 em troca de 25 mil euros.
Dois parlamentares que fazem parte do comitê alemão que investiga a Agência de Segurança Nacional americana (NSA) confirmaram à Reuters que o homem se ofereceu para colaborar com os EUA de forma voluntária.
"Esse homem não tem contato direto com o comitê de investigação. Ele não é um agente de alto escalão", disse o parlamentar de forma anônima.
A chanceler alemã, Angela Merkel, foi informada da prisão na quinta (3), segundo seu porta-voz Steffen Seibert. "O governo alemão vai esperar os resultados da investigação. Não há dúvida de que se trata de uma questão grave", disse em coletiva de imprensa nesta sexta.
A Procuradoria-Geral alemã não confirmou as denúncias da mídia, dizendo apenas que o homem foi preso suspeito de espionar para outro país. A Embaixada dos EUA em Berlim, o Departamento de Estado americano e a Casa Branca não comentaram o caso.
Seibert disse ainda que Merkel falou com o presidente americano, Barack Obama, por telefone na quinta, mas não deu detalhes sobre a ligação.
O tema da espionagem causou mal-estar entre os aliados quando os documentos vazados pelo ex-técnico da NSA revelaram, em outubro de 2013, que a agência americana grampeou o celular de Merkel.

INVESTIGAÇÃO

O comitê de investigação do Parlamento alemão sobre a NSA, formado por nove pessoas, tem reuniões confidenciais.
Na quinta, os parlamentares ouviram os primeiros depoimentos da investigação, vindos de dois ex-funcionários da agência americana –William Binney e Thomas Drake.
Segundo o britânico "Guardian", Binney, ex-diretor técnico, disse que a NSA tinha uma "mentalidade totalitária" e representava a "maior ameaça" para a sociedade americana desde a guerra civil. Já Drake, que trabalhou na NSA entre 2001 e 2008, acusou os alemães de colaborar com a agência.
Também na quinta, um estudante foi o primeiro alemão –depois de Merkel– a ser identificado como alvo da espionagem da NSA, segundo jornais alemães. O computador de Sebastian Hahn teria sido espionado porque ele usava um programa de criptografia que permite ao usuário permanecer anônimo na internet, evitando a vigilância.
A opositora Martina Renner, que faz parte do comitê, disse que caso a acusação se confirme, "não bastará apenas uma resposta legal, será necessário uma resposta política". 


Reprodução da Folha de São Paulo.

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