Haddad afasta auditora fiscal que testemunhou contra seu secretário
Servidora foi retirada do cargo após dar depoimento citando dinheiro para campanha de petista
Para promotor, não há nenhuma acusação nem fato que possa colocá-la como investigada por suspeita em fraude
A gestão Fernando Haddad (PT) afastou do cargo de confiança a auditora fiscal que reforçou suspeitas da ligação do secretário de Governo, Antonio Donato, com servidores acusados por desvios de R$ 500 milhões na prefeitura.
Em depoimento ao Ministério Público, Paula Sayuri Nagamati disse ter ouvido de um auditor preso sobre uma colaboração à campanha de Donato à Câmara, em 2008, com "dinheiro fruto da fiscalização". O caso foi revelado pelo "O Estado de S. Paulo".
Ela foi afastada do cargo de supervisora técnica da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social apesar de a Promotoria dizer que ela não é alvo de investigação.
"A Paula Sayuri sempre foi e está sendo tratada como testemunha. Não existe qualquer acusação formal, qualquer fato imputado a ela que a coloque como investigada", disse o promotor Roberto Bodini.
A prefeitura afirmou, em nota, que a decisão pelo afastamento "foi tomada pela secretaria após tomar conhecimento da investigação" e que "a servidora não compareceu ao trabalho nesta semana".
Antes, Haddad e a direção municipal do PT já tinham feito a defesa do secretário e acusado a auditora de envolvimento no esquema. Mais tarde, além do afastamento dela, a gestão petista divulgou a exoneração de mais dois servidores das Finanças investigados no caso: Moacir Fernando Reis e Arnaldo Augusto.
Este último foi subsecretário da Receita municipal indicado pelo ex-secretário Mauro Ricardo --ligado a José Serra (PSDB) e de quem Paula foi chefe de gabinete.
Antes do depoimento da auditora, Donato, braço político de Haddad, já havia sido citado em três episódios por envolvidos no esquema.
Em uma gravação telefônica, Vanessa Alcântara, ex-companheira de um acusado na fraude, disse que Donato recebeu do grupo R$ 200 mil para a campanha. Ele nega.
O prefeito saiu em defesa do secretário de Governo e atacou as duas mulheres que não são investigadas.
"É preciso analisar. A fonte é a mesma, a quadrilha. Tanto a Vanessa quanto a Paula fazem parte do esquema e esses agregados estão tentando tumultuar", disse.
O PT também saiu em defesa de Donato e, por meio do diretório municipal, fez ataques ao "vazamento seletivo" de depoimentos ao Ministério Público com a intenção de "politizar" a questão.
A nota diz que havia cobrança de propina na "administração anterior [Kassab]" e que Paula e os subsecretários da Receita eram os "principais responsáveis pelo desvio de recursos".
Reprodução da Folha de São Paulo. Destaque do blogueiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário