Aécio promoveu um showzinho anteontem em Brasília para defender o
PSDB de São Paulo das suspeitas de roubalheira nas obras do metrô e da
CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Fez cara de
indignado, acusou o governo federal de manipular as instituições para
enxovalhar adversários e até cobrou a substituição do ministro da
Justiça. Só faltou levantar o punho fechado para o alto.
Embora o presidenciável tenha tentado reduzir o caso a uma simples
perseguição política, como fez e ainda faz o PT no mensalão, o escândalo
das licitações metroferroviárias em São Paulo é muito mais grave do que
isso e recai sobre três governos do PSDB (Covas, Alckmin e Serra).
Três pontos são inquestionáveis. O primeiro é que a multinacional
Siemens confessou ter atuado em um cartel entre 1998 e 2008 com o
objetivo de partilhar obras e elevar o preço das concorrências em São
Paulo. Gigantes como a Alstom, a Bombardier, a CAF e a Mitsui teriam
integrado o esquema. O segundo é a condenação, na Suíça, de um
ex-diretor da CPTM acusado de lavar dinheiro de corrupção. Por fim, uma
conta atribuída a Robson Marinho, que foi chefe da Casa Civil de Covas,
foi bloqueada no mesmo país por suspeita de ter recebido propina.
Ainda que tenha ocorrido manipulação política em torno do caso (o
ex-diretor da Siemens citou ou não políticos tucanos como beneficiários
de corrupção?), é falacioso dizer, como fez Aécio, que tudo não passa de
uma reedição do episódio dos "aloprados", quando petistas foram presos
com dinheiro que seria usado para comprar um dossiê contra Serra.
As investigações estão apenas no começo e ainda há muita coisa a
esclarecer. Mas é difícil acreditar que um cartel desse porte tenha
conseguido burlar ao menos cinco licitações bilionárias em SP sem a
conivência de autoridades, de maior ou menor escalão. Por mais que Aécio
tente confundir as coisas, o fato é que o PSDB deve explicações.
Texto de Rogério Gentile, na Folha de São Paulo.
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