O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, anunciou nesta
terça-feira que o país enviará mil soldados para a República
Centro-Africana, ex-colônia francesa que enfrenta uma forte crise
política após o golpe que derrubou o presidente François Bozizé em
março.
Desde então, o país passa por uma série de combates liderados pela
coalizão rebelde islâmica Seleka, que depôs Bozizé, contra outras
comunidades religiosas católicas, que montaram grupos de autodefesa. Os
enfrentamentos provocaram uma grave crise humanitária e um surto de
banditismo nas maiores cidades.
Na segunda-feira (25), Paris enviou ao Conselho de Segurança da ONU um
projeto para reforçar a Missão Internacional de Apoio à República
Centro-Africana (Misca), que já atua no país, e transformá-la em uma
força de paz.
No mesmo dia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que entre seis e nove mil "capacetes azuis" fossem enviados ao país.
Segundo a ONU, sem uma ação "rápida e decisiva", há o risco de que a
crise "fuja totalmente ao controle e se agrave dentro de um conflito
étnico e religioso" entre cristão e muçulmanos.
Gérard Araud, embaixador francês na ONU, estima que a resolução possa ser adotada na próxima semana.
Para Christian Mukosa, da Anistia Internacional, "é muito importante que
os franceses não fiquem apenas na capital e sigam para Bouca e para
outras cidades onde acontecem sérios abusos aos direitos humanos".
A França tem atualmente 410 militares no aeroporto da capital, Bangui.
Segundo Le Drian, os soldados franceses ficarão no país por seis meses,
auxiliando tropas da União Africana em atividades de estratégia,
logística e assistência técnica.
O envio do efetivo foi decidido após uma reunião entre o ministro das
Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, e o primeiro-ministro
centro-africano, Nicolas Tiangaye, na segunda (25) em Paris. A intenção é
realizar uma missão diferente à feita no Mali, em janeiro.
"Nós o faremos como apoio, não entrando primeiro, como fizemos no Mali, por um período breve, da ordem de seis meses aproximadamente", explicou Le Drian.
O anúncio do apoio à República Centro-Africana é feito em meio a
críticas ao presidente François Hollande pelo envio de tropas ao Mali. A
missão, que deveria ter durado seis meses, foi prolongada devido à
atuação intensa dos grupos radicais islâmicos.
O prolongamento também é visto por Paris como uma forma de conter a
presença de entidades vinculadas à Al Qaeda, cuja influência cresce nas
regiões central e norte da África.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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