sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A cultura e o óbvio

A educação é a base do consumo cultural. Pesquisa Datafolha sobre hábitos culturais no Rio mostra que, quanto maior o número de anos de estudo, maior é a frequência a cinemas, teatros e museus e a leitura de livros.
A maior barreira às práticas culturais é o desinteresse, índice puxado pelos menos escolarizados, e não a falta de dinheiro, como seria de supor. Essa razão dada por cariocas para não ir a cinemas, teatros ou museus foi a mesma dos paulistas.
A prática de atividades culturais é acima da média na zona sul, região da cidade em que o percentual de pessoas com ensino superior e de alta renda é maior. Em direção oposta, na zona norte, região de escolaridade e renda mais baixas, todos os indicadores são inferiores à média.
A pesquisa Datafolha, encomendada pela Secretaria Municipal de Cultura à JLeiva Cultura e Esporte, destrói ainda o senso comum de que carioca só pensa em boteco, praia e Carnaval.
Ele está tanto nos shopping centers como nas praias, e mais em museus do que pulando Carnaval.
Quando questionados sobre quais atividades costumam fazer no tempo livre, o que 95% dos entrevistados citaram foi "ouvir música".
Em seguida, há o costume de ir ao shopping (77%), ir à praia (74%), praticar esportes (74%), acessar a internet (71%) e ir ao cinema (69%) --sendo que 96% assistem a filmes, incluindo na TV e no computador. Surpreende que 64% afirmem ler livros (não didáticos), mais do que sair para beber (51%) ou ir a museus (34%).
As ruas superlotadas no Carnaval devem estar mesmo cheias de turistas, porque só 30% dos cariocas dizem participar de blocos carnavalescos e 22% frequentam escolas de samba.
A pobreza da vida explica muito do comportamento cultural. Só será enriquecida pela educação. Uma ideia desgastada, mas cuja força está em sua atualidade e pertinência, como um refrão de canção popular.


Texto de Paula Cesarino Costa na Folha de São Paulo

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