quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Nepotismo e número excessivo de políticos

Desde os gregos que a comparação é um exercício de civilização.
Estou em Paris como professor visitante na Sorbonne.
Atualizo comparações.
O cego ideológico só vê a corrupção do adversário.
O deslumbrado idealiza o estrangeiro.
Toda a corrupção deve ser denunciada.
O sistema em que se insere deve ser explicitado.
Muita gente acha que tem senador demais no Brasil.
São 81 senadores e 513 deputados numa população de 200 milhões de habitantes.
A França tem pouco mais de 65 milhões de habitantes e 348 senadores e 577 deputados.
Os senadores são eleitos pelos chamados “grandes eleitores” – prefeitos e outros privilegiados – por seis anos.
Um senador ganha mais de 13 mil euros por mês e ainda pode acumular outro mandato.
Viaja em primeira classe na SNCF sem pagar. Tem cinco linhas telefônicas gratuitas e verba para contratar assessores.
O mesmo vale para os deputados, que ganham mais de 12 mil euros por mês.
Não existe lei contra o nepotismo. Senadores e deputados contratam seus parentes.
Quando questionados, respondem furiosamente:
– Não existe nada mais importante na França com o que se preocupar?
Ou, como certos juízes faziam no Brasil, falam cinicamente:
– São cargos de confiança.  Ninguém mais confiável do que meu filho.
É impossível divulgar todos os dados referentes aos ganhos dos agentes públicos.
Uma lei de transparência, como a brasileira, é considerada inconstitucional por atentar contra o direito à privacidade.
Só na Europa mesmo.

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