A meta 4 do Plano Nacional de Educação prevê que até 2024 estejam na escola regular todos com 4 a 17 anos que tenham alguma deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
Entre 2007 e 2013, a proporção de pessoas desses grupos matriculadas saltou de 46,8% para 76,9%, segundo a organização Todos pela Educação. Mas há obstáculos para se atingir os 100%.
Três deles: mapear quem continua fora e por quê; avaliar a qualidade do aprendizado; entender melhor por que há tanta evasão antes da chegada ao ensino médio.
A educadora Adriane Farah participa há dez anos do trabalho de inclusão no Pedro 2º, colégio público criado no Rio em 1837. Ouvia a lenga-lenga de que os profissionais precisavam se preparar antes de receber esses alunos. Resolveu lidar com o assunto na prática.
A primeira criança acolhida, uma menina com paralisia cerebral, está até hoje no colégio. "Ela abriu as portas da inclusão no Pedro 2º", conta Farah, que acompanha vários casos.
Um dos inimigos é a rejeição dos colegas, às vezes chegando à crueldade. Diz que se deve conversar muito e recuar nunca. Aos que não cedem, acena-se com as leis, que obrigam a inclusão e criminalizam o bullying.
Segundo a educadora, a resistência de professores, pais e outros alunos não para de cair. Percebe-se aos poucos, não sem dificuldades, que conviver na mesma sala faz bem a todos, pois é mais viável respeitar as diferenças se elas, em vez de ser distantes abstrações, fazem parte da vida cotidiana.
"A inclusão dos alunos especiais vai transformar a escola brasileira em dez anos, pois fica claro que a estrutura atual, seriada e linear, não permite o acesso de todos à educação e perde sentido num mundo com Google e novos meios de se informar", acredita ela.
Texto de Luiz Fernando Vianna, na Folha de São Paulo.
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