quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Corrupção e jogo sujo por baixo dos panos

Corrupção, corrupção, corrupção.
Depois do escândalo chamado Bigmalyon, vulgo financiamento ilícito da campanha de Nicolas Sarkozy, o ex-primeiro ministro Françøis Fillon, do partido de Sarkozy, com quem disputa a presidência da UMP e direito de ser candidato a chefe da nação, em 2017, teve uma conversa com um assessor do inimigo, François Hollande, para pedir que a justiça seja mais severa com seu antigo chefe. Entenderam? Fillon pede a Hollande para ferrar Sarkzoy. Pode isso, Arnaldo?
Que deu na direita francesa? Quer todos os escândalos para ela?
A situação é grave. Nunca se viu tanta corrupção. O novo caso envolve um empresário de primeira grandeza, senador e dono de um importante jornalão de direita, dinheiro para compra de votos (em torno R$ 150 milhões), um contador fiel e capaz de levar e trazer dinheiro de contas no exterior, especialmente na Suíça e no Liechtenstein, um transportador da bufunfa, apelidado de “carregador de malas”, e uma operação complexa envolvendo sacos de dinheiro depositados no canto de um escritório situado na mais charmosa e dinâmica avenida do país.
A nação está paralisada com as revelações. A mídia só fala disso. A lavagem de dinheiro deu-se entre 1995 e 2012.
O advogado do empresário alega que os fatos já prescreveram. Pego com a boca no botija, o contador aceitou entregar tudo para tentar aliviar a sua pena.
– Os sacos plásticos de dinheiro eram colocados no canto do escritório e a gente falada de apenas de outras coisas.
O senador empresário, cujo esquema de votos acaba de ser desmantelado, é conhecido por sua língua virulenta. Moralista, defensor de uma justiça rigorosa com os malfeitores, apologista da tolerância zero com os corruptos, sempre se elegeu como apóstolo dos bons costumes e crítico do excesso de Estado na vida das pessoas. Jamais perdeu oportunidade de atacar os trabalhadores preguiçosos que vivem do assistencialismo estatal e os políticos que não cuidam das finanças públicas.
Para ele, governar é cortar gastos e demitir.
Eta, Brasil! Será o José Sarney? Será o Renan Calheiros? Não, leitor, não é o Brasil nem nossos impolutos senadores. É a França. O empresário chama-se Serge Dassault, dono do jornal “Le Figaro”, senador da República, sexta fortuna do país, prefeito de Corbeil até 2009 e figura exponencial do combate ao socialismo e a todas as formas de intervenção do Estado na economia. O seu contador, que agora usufrui das instalações carcerárias francesas, chama-se Gérard Limat e apresenta-se como um homem discreto. O dinheiro para compra de votos chegava pelas suas mãos a um escritório chique da portentosa avenida dos Champs-Élysées. Ele fez 33 entregas de grana líquida e sonante para comprar votos.
A direita brasileira precisa reagir. Não é possível que um francês venha desconstituir a ideia de que só tem corrupção no Brasil. Ainda mais com métodos equivalentes e para fins semelhantes. O que nos diferencia é a incapacidade francesa para dar um bom nome ao escândalo. Nem mensalão nem petrolão. Nadinha. Só “Caso Dassault”. Que pobrinho! Dassault especializou-se em laranjas. O esquema furou quando um banco se recusou a repassar dinheiro para a conta de um laranja condenado à prisão.
É o terceiro grande escândalo de corrupção em menos de um ano na França.
O ex-presidente Nicolas Sarkozy está atolado num deles. Os franceses sussurram pelos cafés:
– Será que algum dia nós teremos, enfim, a coragem de botar um ex-presidente da República na cadeia?
Na França, a gente se sente em casa. Basta abrir os jornais para encontrar as mesmas denúncias e a mesma atmosfera de corrupção. A única diferença é a modéstia francesa. Eles não acham que isso só acontece com eles.
Mas tem direito de clube de futebol, de Marselha, em prisão preventiva por causa de malfeitos na venda de jogadores.
E tem uma investigação sobre resultados arranjados de jogos.
Que é isso? Será que nunca houve tanta corrupção na França como agora?

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