quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Morre em São Paulo o historiador Nicolau Sevcenko, aos 61 anos


 O historiador Nicolau Sevcenko morreu na noite desta quarta-feira (13) em sua casa no bairro do Belém, em São Paulo, aos 61 anos.
A informação foi confirmada à Folha por sua mulher, a editora Cristina Carletti. Ela afirmou que ele morreu provavelmente devido a um infarto, mas que ainda será realizada uma autópsia para determinar a causa.
Ainda não foram definidos locais e horários para o velório e para o enterro.
Descendente de ucranianos, Sevcenko nasceu em São Vicente, na baixada santista, em 1952, e cresceu na capital paulista, no bairro de Vila Prudente, na zona leste, onde havia uma concentração de imigrantes eslavos.
Graduou-se em história pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), em 1975, e se dedicava ao estudo da cultura brasileira e do desenvolvimento de cidades como São Paulo e Rio.
O historiador foi editorialista da Folha e responsável pela pesquisa que deu origem à primeira edição do livro "Primeira Página" do jornal, no qual assina o texto de introdução.
Ele fez doutorado em história social também pela FFLCH-USP e concluiu pós-doutorado em história da cultura pela Universidade de Londres, em 1990.
Segundo costumava dizer, optou pela pesquisa em história social numa época em que predominavam outras áreas, como política e economia.
Em 1992, obteve sua livre-docência pela USP, sob o título "Orfeu Extático na Metrópole".
Lecionou também na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Professor titular da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, onde dividia sala com Eric Hobsbawm (1917-2012), Sevcenko era uma referência nos estudos de história da cultura, história brasileira e da urbanização, sobretudo no período da virada do século 19 para o 20.
O historiador se orgulhava de ter inaugurado a história cultural no Brasil, bem como o uso da literatura como fonte histórica. Sua tese de doutorado, o livro "Literatura como Missão" (Companhia das Letras, esgotado), tratava das tensões socioculturais no período da Primeira República por meio de obras de escritores como Lima Barreto (1881-1922) e Euclydes da Cunha (1866-1909).
Sevcenko e a mulher não tinham filhos.
 
PRINCIPAIS OBRAS DE NICOLAU SEVCENKO

"A Revolta da Vacina" (1983, ed. Brasiliense)
"Orfeu Extático na Metrópole" (1992, ed. Companhia das Letras)
"Literatura como Missão: Tensões Sociais e Criação Cultural na 1ª República" (1995, ed. Brasiliense)
"História da Vida Privada no Brasil (Volume 3)" (1998, ed. Companhia das Letras, organizador)
"A Corrida para o Século 21" (2001, ed. Companhia das Letras)


Reprodução da Folha de São Paulo

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