quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Ucrânia pode ter usado bomba que se fragmenta, diz 'NYT'

Ucrânia pode ter usado bomba que se fragmenta, diz 'NYT'

Banida em vários países, arma teria sido empregada contra alvos civis em conflito com rebeldes em Donetsk
Forças Armadas negam; ONG diz haver indícios de que separatistas também podem ter usado esse armamento
ANDREW ROTHDO "NEW YORK TIMES", EM DONETSK

O Exército ucraniano parece ter usado munição de fragmentação em diversas ocasiões contra Donetsk.
Teria empregado assim uma arma de uso proibido em boa parte do mundo contra esta cidade controlada pelos rebeldes, cuja população excede 1 milhão de habitantes. A conclusão se baseia em indícios físicos recolhidos no local e entrevistas com testemunhas e vítimas.
Esse tipo de bomba, conhecida como "cluster", se estilhaça quando detonada, aumentando o poder de ferimento. Seu uso é proibido em 86 países (o Brasil não faz parte dessa lista).
Os locais atingidos por disparos de foguetes em 2 e 5 de outubro mostram sinais claros de uso de munição de fragmentação, disparada de territórios controlados pelo Exército.
Os dois ataques causaram ferimentos a pelo menos seis pessoas e mataram um funcionário suíço da Cruz Vermelha Internacional que trabalhava em Donetsk.
Se confirmado, o uso de bombas "cluster" pelo governo pró-Ocidente da Ucrânia pode complicar os esforços para reunificar o país, já que os moradores do leste estão cada vez mais amargurados com as táticas empregadas pelo Exército para expelir os rebeldes pró-Rússia.
Os dois ataques de outubro ocorreram quase um mês depois que o presidente Petro Poroshenko assinou um acordo de cessar-fogo com representantes dos rebeldes.
Além disso, em relatório divulgado na segunda-feira (20), a ONG Human Rights Watch afirma que os rebeldes provavelmente também usaram munições de fragmentação no conflito, uma informação que o "New York Times" não conseguiu comprovar de forma independente.
"É bastante claro que munições de fragmentação estão sendo usadas indiscriminadamente em áreas povoadas, especialmente em ataques contra Donetsk", afirmou Mark Hirzay, pesquisador de armas na HRW.
As Forças Armadas ucranianas negaram ter empregado munição de fragmentação. Também declararam que os rebeldes tinham acesso a poderosos sistemas de foguetes russos, capazes de disparar esse tipo de arma.


Reprodução da Folha de São Paulo

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