domingo, 5 de outubro de 2014

Morre no Rio o ator e diretor Hugo Carvana, 77

Morre no Rio o ator e diretor Hugo Carvana, 77

Artista estava internado para tratar complicações do câncer de pulmão
Com quase 50 anos de carreira, carioca atuou em filmes, novelas e dirigiu oito longas, como 'Bar Esperança'
DO RIODE SÃO PAULO

Morreu na manhã deste sábado (4), aos 77 anos, o ator e diretor Hugo Carvana.
Ele estava internado no Hospital Pró-Cardíaco, na zona sul do Rio, desde domingo (28), para tratar complicações de um câncer de pulmão.
Há pelo menos cinco anos, ele convivia com o mal de Parkinson. O velório está marcado para este domingo (5), às 9h, no parque Lage.
Carvana é um dos diretores e atores mais conhecidos do país. Carioca do bairro de Lins de Vasconcelos, na zona norte, abandonou a escola para trabalhar como office-boy em um laboratório.
Aos 18 anos, iniciou a carreira de ator em chanchadas --foram 22 produções do estilo, caso de "Trabalhou Bem, Genival" (1955).
Ao todo, atuou em mais de 90 filmes, incluindo clássicos nacionais, como "Terra em Transe" (1967). Com esse cineasta também atuou em "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" (1969).
Entre 1973 e 2011, Carvana produziu oito filmes. Em 1973, no auge da ditadura, atuou e dirigiu a primeira comédia, "Vai Trabalhar, Vagabundo", com Nelson Xavier e Paulo César Pereio no elenco. Nesse filme, premiado no Festival de Gramado, viveu um malandro carioca, tipo que o consagraria na carreira.
"O personagem de camisa desabotoada, caminhando em Copacabana, aquilo era um humor que ia fundo", lembra o cineasta Roberto Farias, que o dirigiu na minissérie da Globo "As Noivas de Copacabana" (1992).
Segundo Farias, Carvana "tinha um humor fino, extraordinário e irreverente". "Quando ele ia fazer um filme, a gente via logo que o filme era a cara dele", afirma.
"Se o cinema brasileiro tivesse um rosto, seria o dele", diz o também diretor Cacá Diegues, seu contemporâneo.
Um dos longas mais conhecidos dirigidos por Carvana é "Bar Esperança" (1983), sobre intelectuais e artistas de um bar em Ipanema que corre o risco de fechar.
"Casa da Mãe Joana 2", outra comédia, foi a última que dirigiu, em 2013. José Wilker, Pedro Cardoso e Paulo Betti atuam no filme sobre três amigos que dividem o mesmo apartamento no Rio.
O último papel de Carvana no cinema foi no recém-lançado "Rio, Eu Te Amo" (2014), interpretando um jornaleiro no segmento dirigido por Andrucha Waddington.
O ator também teve uma vasta carreira na televisão.
Na Globo, fez novelas como "Gabriela" (1975), "Roda de Fogo" (1986), "Celebridade" (2003) e "Paraíso Tropical" (2007), e minisséries como "Chiquinha Gonzaga" (2003) e "JK" (2006). O último papel foi na minissérie "O Brado Retumbante" (2012).
Protagonizou a série "Plantão de Polícia" (1979), como o jornalista Valdomiro, um de seus mais famosos papéis.
Tony Ramos foi surpreendido pela notícia da morte do colega, que fez seu pai na novela "Paraíso Tropical". "Foi um dos grandes lutadores, um homem que brigou muito pelo cinema brasileiro."
Carvana estava em fase de pré-produção de um longa, que seria gravado em 2015, em Copacabana. A comédia teria Paulo Betti no elenco.

MONARQUIA

Das reuniões com grupos de esquerda organizados na resistência à ditadura militar, Carvana conta ter adquirido consciência política.
Foi atuante principalmente no movimento das Diretas-Já, entre 1984 e 1985. Durante o governo Leonel Brizola (1983-1987) foi presidente da Funarj (Fundação de Artes do Rio de Janeiro).
Em 1993, durante o plebiscito para definir uma nova forma de governo no Brasil, o ator e diretor apoiou a campanha pela monarquia.
Dilma Rousseff lamentou a perda. "Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte", informou, em nota.
Ele deixa a mulher, a jornalista Martha Alencar, e os filhos Pedro, Maria Clara, Júlio, e Rita, todos produtores de TV.

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