segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Polarização gaúcha ou pela terceira vez paz e amor

A polarização funcionou novamente.
No Rio Grande do Sul e no Brasil.
No Brasil, temos o tradicional PT versus PSDB.
No Rio Grande do Sul, o tradicional PT versus PMDB.
Faz muito tempo que o PP, partido rural, não representa mais o polo competitivo da direita contra o PT.
O PSDB conseguiu infiltrar-se uma vez nesse confronto, mas era uma variante do PMDB.
O PP ressurgiu graças à visibilidade de Ana Amélia Lemos, que serviu de boi de piranha: foi na frente para que o PMDB corresse por fora sem marcação, sem crítica e sem embates. Tarso Genro só percebeu isso depois de derrotado no primeiro turno.
Pela terceira vez, o Rio Grande do Sul aposta no aparente elemento fora da polarização. Foi assim com Germano Rigotto, que fez um governo tímido, e com Yeda Crusius, que fez um governo xiita. José Ivo Sartori, caxiense como Rigotto, veio com o mesmo perfil, fala mansa, tom ameno, enfatizando sua autenticidade e sua espontaneidade. Impôs-se contra todos.
Ana Amélia foi “cristianizada”: os eleitores a abandonaram para votar no candidato em condições de vencer o PT.
Funcionou o antipetismo visceral.
O PT, com Olívio Dutra e Tarso Genro, ficou isolado no seu patamar histórico de votação. Não parece ter atraído um só voto fora do petismo. O Rio Grande do Sul faz de conta que foge da polarização, mas a reproduz por outra via. O PMDB desempenha aqui o papel do PSDB no cenário nacional, articulando centro e direita com um tom, em tese, mais centrista.
O Rio Grande do Sul, como o resto do Brasil, condecorou o esporte (João Derly, Danrlei e Jardel), a visibilidade midiática (Lasier Martins),  o voto de classe ou fortemente ideológico (Luiz Carlos Heinze, Osmar Terra, Onix Lorenzoni, Alceu Moreira, Dionilso Marcon, Nelson Marchezan Jr.), não se importando com o homofobia e o racismo de algumas declarações tristemente célebres, e deixou para trás, lamentavelmente ou não, conforme o gosto de cada um um grupo de elefantes: Pedro Simon, Olívio Dutra, José Fogaça, Ibsen Pinheiro, Yeda Crusius. No PT, Ronaldo Zulke, que se apresentou como responsável por uma das principais obras dos últimos tempos no Estado, a rodovia 448, não se elegeu.
Houve muita renovação na Assembleia Legislativa do RS, pouca na bancada federal gaúcha e a ampliação – na língua do povo, que, brincando ou não, diz o que pensa – da bancada da RBS no Senado, dois em três senadores.
O segundo turno no Rio Grande do Sul será outro jogo.
Sartori será “convidado” a entrar no debate.
Ou, como virou moda dizer, será objeto de uma tentativa de desconstrução ou de desconstituição.
De certo modo, os institutos de pesquisa, que pagaram o mico, como o IBOPE, de errar até boca de urna, acertaram o essencial: o primeiro colocado no RS teria em torno de 40% dos votos contra uns 33% de Tarso. Só estavam errando o nome do primeiro colocado. Em vez de Ana Amélia, era Sartori. Um detalhe que certamente não afetará a imagem ilibada dessas instituições.
Haverá munição no paiol?

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