domingo, 5 de outubro de 2014

Morre o ex-ditador do Haiti 'Baby Doc'

Morre o ex-ditador do Haiti 'Baby Doc'

Jean-Claude Duvalier teve um ataque cardíaco, aos 63; ele voltou a Porto Príncipe em 2011 após 25 anos no exílio
Filho sucedeu 'Papa Doc' e ficou 15 anos no poder; regimes autoritários mataram 30 mil no país, diz ONG
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ex-ditador do Haiti Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier (1971-86), o autoproclamado "presidente vitalício" cujo regime corrupto e brutal estimulou um levante popular que o forçou ao exílio por 25 anos, morreu de ataque cardíaco neste sábado (4) aos 63 anos em sua casa.
Com aparência um pouco frágil, Duvalier retornou de surpresa ao Haiti em 2011, permitindo às vítimas de seu regime tentar processá-lo e a velhos aliados buscar se fortalecer com sua presença. Mas, como nenhum dos lados conseguiu o que desejava, o ex-ditador passou seus últimos anos em relativa obscuridade nas colinas da capital haitiana, Porto Príncipe.
Duvalier era filho de François "Papa Doc" Duvalier, um médico que se tornou ditador e promoveu um movimento que destacava as raízes africanas do Haiti em relação às europeias. Em uma nação dividida por questões de classe e raça, a iniciativa também pretendeu unir a grande maioria negra contra a elite mulata.
Ambos os regimes torturaram e mataram opositores políticos contando com o auxílio da temida milícia civil Tonton Macoute. Segundo estimativa da ONG Human Rights Watch, 30 mil haitianos morreram, muitos executados, nos dois governos.
Antes de morrer repentinamente em 1971, "Papa Doc" nomeou como sucessor seu filho, que assumiu o posto aos 19 anos como o presidente mais jovem do mundo.
Apesar de os 15 anos de Jean-Claude Duvalier no poder serem vistos como menos violentos e repressivos do que os de seu pai (1957-71), grupos de direitos humanos documentaram abusos e perseguição política.
Três prisões conhecidas como "Triângulo da Morte", incluindo o muito temido Forte Dimanche para os sentenciados a muitos anos de prisão, simbolizaram a brutalidade de seu regime. Mas a pressão internacional propiciou ecos de liberdade de expressão e de críticas pessoais, nunca tolerados sob seu pai.
Além dos abusos aos direitos humanos, a corrupção também definiu a administração de "Baby Doc". Em 1986, os desmandos e abusos de poder estimularam um levante popular por todo o Haiti, forçando Duvalier a fugir para o exílio na França.


Reprodução da Folha de São Paulo

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