Depois do primeiro turno, acrescentei três razões à minha lista para que não se vote em Dilma.
Vai mal o Brasil. Essa primeira razão fala por si. Temos o menor desemprego dos últimos 12 anos. Uma vergonhosa taxa de 5%. Culpa do PT. Só no Brasil mesmo. É mais uma jabuticaba brasileira. Qualquer país europeu civilizado tem o dobro disso. A taxa média de desemprego na Europa anda pelos 10,5%. A segunda razão para não se votar em Dilma é que a taxa de mortalidade infantil entre nós caiu 77% entre 1990 e 2012. Como se vê, o petismo nada tem com isso. Talvez tenha até atrapalhado.
A terceira razão para não se votar em Dilma é que, entre 2001 e 2012, a pobreza extrema no país foi reduzida em 75%, segundo a ONU, e a pobreza em 65%. Como se fez tão pouco! Por que não se reduziu a zero a pobreza extrema? É muita incompetência. A quarta razão para querer tirar Dilma do poder é o bolsa família. Esse famigerado programa assistencialista e populista mantém cerca de 16 milhões de crianças na escola, arrancou quase dois milhões de famílias da miséria e dá acesso ao mercado interno de mais 50 milhões de pessoas. É inadmissível. Os beneficiados ficam contentes e irracionalmente tendem a votar no governo que os ajuda. Um comportamento racional os levaria a recusar esse benefício ou a votar pelos que o rotulam de bolsa preguiça.
A quinta razão para se fugir de Dilma é ProUni.
O ProUni é um programa devastador. Botou, em dez anos, dois milhões de jovens pobres em instituições privadas. Está acabando com uma das mais caras noções da meritocracia branca e rica: a universidade para poucos, o curso superior como uma distinção de elite. Onde vamos parar? As universidades agora têm alunos de todas as classes e cores. A educação é um dos maiores problemas do Brasil. Está cada vez mais inclusiva e multirracial. A sexta razão vem das cotas raciais. Mais um mecanismo devastador. De repente, não tem mais só brancos nas salas de aulas de instituições antes tão homogêneas. O preservador das tradições se assusta e grita: “É um racismo às avessas”. O liberal repete seu mantra: “O importante é ter as mesmas condições no ponto de partida”. Obviamente que isso nunca existiu e, se depender de alguns, nunca existirá.
A sétima razão para não se votar em Dilma é que os governos petistas criaram 14 novas universidades públicas e centenas de extensões no interior dos país. Isso é lamentável, pois diminui a importância das grandes cidades, estimula os jovens a não migrarem mais para as metrópoles e, com o Enem, desvaloriza os vestibulares tradicionais. A oitava razão é que, apesar do crescimento baixo, a inflação, considerada altíssima, estourou o teto da meta uma vez. A oitava razão para se votar em qualquer um, menos em Dilma, é que a taxa Selic, que chegou a 45% num dos governos de FHC, só está em 11% atualmente. A nona razão para não se votar em Dilma é que tudo isso não passa de uma estratégia para desviar a atenção da corrupção, a maior que já vimos, exceto pelo que aconteceu nos últimos 500 anos, mas não foi noticiado, salvo nos governos de Getúlio e Jango, por não ser do interesse dos donos da mídia ou dos discretos generais ditadores que detestavam escândalos e amavam o Maluf.
A décima razão é que Dilma ganha no nordeste. Tem o voto dos pobres. E pobre, como todo mundo sabe, especialmente FHC, vota por interesse, com o estômago e com o bolso. Só rico vota por racionalidade, desinteresse e idealismo como provam os lacerdinhas, os coxinhas e todos os que recebem bolsas como o bolsa moradia dos togados.
A décima primeira razão para não votar em Dilma é que ele pode continuar fazendo o que fez até agora. Por exemplo, aumentar o salário mínimo, essa irresponsabilidade que produz inflação e compromete os ganhos de empresários.
A décima segunda razão para não votar em Dilma é que ela é odiada pela mídia de Rio de Janeiro e de São Paulo, que, como todos sabem, é uma mídia imparcial, neutra, objetiva e tucana só quando não lhe sobra alternativa, ou seja, sempre.
Até dá para desconsiderar isso tudo e votar. O problema é a décima terceira razão: nunca se aparelhou tanto o Estado. Por exemplo, na educação. Eu não perdoo. Nem esqueço. Sei que isso é o mais importante. O resto é pura perfumaria.
Anularei o meu voto. Na margem de erro, acerto um ponto fora da curva.
Reprodução do Blog do Juremir Machado da Silva.
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