Nas redes sociais popularizou-se a figura do troll. São perfis do
Twitter, Facebook e comentaristas de sites jornalísticos e blogs que
entram para provocar. Ninguém está a salvo deles, de Dilma a Aécio, do
PT ao PSDB, todos são vítimas dos trolls do outro lado.
Um dos aprendizados da rede é que com troll não se mexe. O único
objetivo do troll é provocar a reação contrária. Ele tem compulsão por
provocar repulsa, indignação e outros sentimentos menores. Ignorando-o,
recolhe-se à sua insignificância. Assim como animais em zoológicos, tem
que vir acompanhado de placas tipo “não os provoque”, “não lhes dê
amendoim”.
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As próximas semanas serão o reinado de trolls de todos os lados. O
segundo turno exacerbará os ânimos, desenterrará dossiês e baixarias,
preconceito e ofensas de modo geral. Haverá uma guerra sem quartel entre
“petralhas” e “coxinhas”.
A perspectiva de baixarias reforça a responsabilidade daqueles que
precisariam ser figuras referenciais, acima das paixões e das baixarias.
Por isso, é incompreensível a atitude do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, comportando-se como um troll, ao taxar os eleitores de
Dilma de desinformados e moradores dos “grotões”. Tudo isto em um
ambiente em que a polarização norte/nordeste-sudeste estimula atitudes
bairristas agressivas de lado a lado.
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Há muito FHC abdicou da postura responsável que se exigiria de um
ex-presidente, se é que algum dia já teve. Em alguns momentos
extremamente tensos na história recente, quando a crise política parecia
engolir as instituições, o impulsivo Fernando Collor, o errático Itamar
Franco, pouco antes de morrer, o polêmico José Sarney, nenhum deles
abdicou da responsabilidade e da postura que se exige de ex-presidentes,
procurando apaziguar ânimos e apontar rumos. Menos Fernando Henrique
Cardoso.
Coube a ele papel central na cooptação da ultradireita que
emporcalhou o PSDB, na agressividade sem limites personificada na
candidatura José Serra.
Em nenhum momento age às claras. Mas sempre estimula, por sinais, a face mais tenebrosa de seus aliados.
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E em nome de quê? Da vaidade insuperável de quem nunca conduziu, mas
sempre foi conduzido pelos fatos e por uma visão oportunista da vida.
Quando teve espaço na esquerda, esquerdista foi, assim como seu alter ego José Serra apresentava-se como desenvolvimentista.
Assumiu o governo por acidente – e pela impulsividade de Itamar – e
passou pelo governo em brancas nuvens. Plano Real, reformas,
privatização, criação de uma dívida pública monumental, tudo isso passou
ao largo dele.
De esquerdista tornou-se um neoliberal, não um pensador à altura do
liberalismo, mas um mero repetidor de mantras e bordões, sem ao menos
entender as transformações de seu próprio governo.
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É ilusória sua pretensão de que Aécio subiu nas pesquisas por
defender o seu legado. A votação em Aécio é claramente uma manifestação
antipetista e anti-Dilma, jamais pró-FHC.
Sociólogo, a convivência de FHC com alguns dos mais ilustres
intelectuais do mundo jamais ajudou-o a perceber o novo, a entender o
fenômeno das grandes inclusões sociais nos países emergentes ou as
mudanças políticas trazidas pelas redes sociais.
A medida de sua superficialidade pode ser dada por seus comentários a
uma biografia de Franklin Delano Roosevelt. Nela, falava-se da enorme
visão prospectiva de Roosevelt e de sua malícia política – de iludir
adversários e aliados falando A e pensando B.
Imediatamente FHC se disse à altura de Roosevelt porque ele também
sabia levar adversários e aliados no bico. Só faltou fazer o seu New
Deal para se equiparar a Roosevelt.
Reprodução do Blog do Luís Nassif.
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