quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Trabalhadores sindicalizados de Nova York pertencem principalmente a minorias, mostra estudo

Quando os candidatos a algum cargo político da cidade de Nova York buscam o apoio dos trabalhadores sindicalizados, eles estão tentando estabelecer uma relação com minorias e mulheres, em sua maioria, de acordo com um estudo divulgado na terça-feira passada.
Homens brancos representam menos de um quarto dos membros dos sindicatos da cidade, de acordo com o estudo, redigido por Ruth Milkman, professora de sociologia do CUNY Graduate Center, e por sua colega Stephanie Luce. Em torno de 60% de todos os membros dos sindicatos da cidade se identificam como negros ou latinos. As mulheres que não se identificam como negras nem latinas compõem outros 17% dos membros dos sindicatos da cidade.
"Todos nós carregamos em nossas mentes esse estereótipo de que os membros de sindicatos são homens brancos com um capacete de proteção na cabeça", disse Milkman, que monitora tendências trabalhistas. Ela disse estar "chocada" com o fato de os homens brancos perfazerem apenas 23% dos trabalhadores sindicalizados.
O declínio da sindicalização entre os homens brancos tem muitas causas, incluindo a eliminação quase que total das indústrias da cidade e o declínio acentuado na sindicalização no setor privado, afirmam especialistas em mercado de trabalho. Enquanto isso, entre os setores da economia que mais crescem estão os de assistência médica e de educação, ramos de atividade dominados por mulheres que têm atraído um grande número de membros de minorias.
"Perdemos muitos dos nossos antigos postos de trabalho em armazéns e na indústria leve, que atraiam operários. Por isso, o setor público se transformou no esteio econômico da cidade", disse Ed Ott, ex-diretor do Conselho Trabalhista Central de Nova York. "O setor público tem um grande número de mulheres nos postos de trabalho mais estáveis".
Mas Ott disse acreditar que os apoios dos maiores sindicatos da cidade refletem mais as relações políticas do que o perfil demográfico de seus membros. Ele citou o apoio do sindicato dos operários e trabalhadores braçais, que tem cerca de 25.000 membros na cidade, a Christine C. Quinn, presidente da Câmara Municipal.
"Ela é a primeira mulher gay candidata a prefeita", disse Ott. "Quem pensaria que ela receberia o apoio do que costumava ser considerado um dos sindicatos mais moderados e conservadores?"
Quinn construiu laços com empresas do setor da construção ao longo dos anos, como Bill de Blasio fez com os trabalhadores do setor da saúde e William C. Thompson Jr. fez com os professores, disse Ott . O maior sindicato de trabalhadores do setor de saúde, o 1199 SEIU, apoiou de Blasio em maio passado. O United Federation of Teachers apoiou Thompson em junho. O DC37, sindicato que representa a maioria dos trabalhadores do setor público da cidade, declarou apoio a John C. Liu, da Controladoria.
"Todos os candidatos democratas que estão participando das primárias têm algum apoio de sindicatos", disse Ott.
E, embora as operações políticas da maioria desses sindicatos estejam sediadas em Manhattan, seus membros geralmente não residem na região. Quase um terço dos moradores de Staten Island e do Bronx são sindicalizados, comparativamente a cerca de 1 em cada 8 trabalhadores de Manhattan, segundo o estudo.
Negros não-latinos são o grupo racial mais sindicalizado da cidade, principalmente porque eles compõem uma grande parcela dos trabalhadores que atuam no controle do trânsito da cidade, segundo o estudo. Mas o grupo que possuir a maior taxa de participação nos sindicatos – 40% – é composto pelos trabalhadores nascidos em Porto Rico. "A taxa de sindicalização deles é consistentemente maior do que a dos negros", diz o estudo. Isso se deve, em parte, ao fato de os nativos de Porto Rico "terem uma representação altíssima nos cargos do setor público" da cidade.
Segundo Milkman, enquanto os candidatos a prefeito disputam o apoio e o aval dos sindicatos, é fundamental que eles compreendam as mudanças do perfil demográfico de seus membros. "Coletivamente, eles representam os trabalhadores negros e pardos, os latinos e os africano-americanos", disse ela.
"Em termos dos esforços para a obtenção de votos, essas são as pessoas que vão ser os alvos (dos candidatos)", disse ela. Essa diversidade ajuda a explicar por que "os sindicatos estão realmente divididos em relação a quem eles estão apoiando na eleição para prefeito", disse ela.

Reportagem de Patrick McGeehan para o The New York Times, reproduzida no UOL. Tradutor: Cláudia Gonçalves

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