quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Aniversário do golpe chileno abre debate sobre futuro do país

Aniversário do golpe chileno abre debate sobre futuro do país
A questão é se, após 40 anos, o Chile deixará para trás erros da ditadura
TANYA HARMERESPECIAL PARA A FOLHA

Alguns aniversários históricos importam mais que a maioria, e o 40º aniversário do golpe chileno está entre os que têm importância profunda. Para começar, é relevante para a política chilena contemporânea.
Com eleições presidenciais marcadas para 17 de novembro, o país se vê forçado a confrontar o passado enquanto escolhe o futuro.
As candidatas presidenciais entre as quais os chilenos podem escolher para fazer essa correlação são filhas de generais da Força Aérea que tomaram posições opostas em 11 de setembro de 1973.
De fato, ao optar por Evelyn Matthei --cujo pai apoiou entusiasticamente o golpe e muito provavelmente desempenhou papel direto na detenção e tortura do pai de Michelle Bachelet--, a direita chilena bizarramente fez de sua associação com o golpe, e com seu 40º aniversário, algo ainda mais pungente e óbvio do que poderia ter feito.
Os protestos de estudantes, trabalhadores, ambientalistas e mapuches (indígenas), desde 2011, também deram início a um diálogo muito mais amplo sobre o legado da ditadura para a identidade, a sociedade e a política do país, que está capturando o imaginário nacional.
Esse diálogo é o mais significativo debate nacional sobre o passado e o futuro do Chile que acontece desde a transição para a democracia.
A maneira pela qual ele se desenvolverá nos dois meses que faltam para a eleição é, portanto, profundamente importante. A educação do país, sua democracia, seu sistema de saúde, sua economia e o papel de seu governo dependem disso.
A questão que a eleição e o aniversário deste ano propõem, portanto, é a de se, 40 anos depois do golpe, o país está finalmente pronto para deixar para trás os mais perniciosos legados da ditadura, para corrigir os desequilíbrios de sua Constituição, para repensar a economia hiperliberal e para oferecer justiça àqueles que sofreram abusos no passado.
Aqueles que lideraram o golpe de 11 de setembro não queriam tão somente derrubar um governo; agiram para refazer e reformular toda a cultura e a sociedade do Chile, e, de muitas maneiras, obtiveram sucesso.
Quando os chilenos recordam o passado, hoje, a questão é em que medida eles estão preparados, passados 40 anos, para reverter esse sucesso e iniciar uma nova era.
É um debate que está consumindo a sociedade chilena e que certamente terá influência significativa sobre o futuro do país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário