domingo, 15 de setembro de 2013

Igrejas centenárias ameaçam desabar no interior de SP

Igrejas centenárias ameaçam desabar no interior de SP
Tombadas pelo patrimônio histórico, muitas tiveram que fechar as portas por falta de segurança ou risco de desabar
Erguidos nos séculos 18 e 19, edifícios ficam em cidades como Pindamonhangaba, Taubaté e Mogi Mirim
NATÁLIA CANCIANENVIADA ESPECIAL A PINDAMONHANGABA E TAUBATÉ

Por fora há pichações, telas de proteção, tapumes e placas que indicam ruas interditadas. Dentro, rachaduras, paredes inclinadas e altares ameaçados por cupins.
Igrejas centenárias, tombadas pelo patrimônio histórico, tiveram que fechar as portas no interior de São Paulo por falta de segurança --e até risco de desabamento.
A reportagem encontrou sete dessas igrejas em cidades como Pindamonhangaba, Taubaté, Redenção da Serra, Aparecida e Mogi Mirim. São estruturas de taipa de pilão (barro e madeira) erguidas nos séculos 18 e 19 --a mais antiga soma 266 anos.
Parte dos imóveis ameaça desabar e depende de escoras para ficar de pé. A outra espera manutenção, pois há riscos à segurança do patrimônio. Apenas uma está em obras, em São Luiz do Paraitinga.
Em Pindamonhangaba, quem se aproxima da igreja São José da Vila Real, no centro, já não consegue ver o altar de madeira, herança da capela de 1680. De portas fechadas, está abandonada. Duas ruas laterais foram interditadas. Por dentro, o imóvel, de paredes decoradas, tem rachaduras e infiltrações.
Até uma placa que aponta o túmulo de membros da guarda de Dom Pedro 1º (1798-1834) está quebrada.
"A igreja está cedendo. Tem trincas, infestação de cupins e escoras para evitar dano maior", diz a arquiteta Rosângela Biasolli, uma das responsáveis pelo projeto de restauro, ainda sem recursos.
O cenário se repete em outras cidades. Em Taubaté, uma intervenção emergencial em julho não foi suficiente para que a igreja do Rosário, fechada há três anos, abrisse as portas. A estrutura, de 1882, tem duas paredes laterais inclinadas e com rachaduras. A madeira que suportava o piso de uma área superior apodreceu e caiu.
Sem visitantes, a igreja é usada como depósito: uma TV, por exemplo, "repousa" em frente ao altar. "Se ela não for restaurada, corre o risco de desabar", diz Lilian Mansur, diretora da Fundação Dom Couto, que busca verbas e parcerias para o projeto de restauro, estimado em R$ 499 mil.
A seis quadras dali, a Capela do Pilar, construída em 1747 e considerada como ponto de encontro de bandeirantes à época, se esconde por trás de tapumes de proteção.
O Condephaat (órgão estadual de defesa do patrimônio) e os demais departamentos de patrimônio dizem que a manutenção é responsabilidade dos donos dos locais.
Em outros casos, a ameaça não é só o tempo. Foi o que ocorreu em Mogi Mirim, onde uma estrutura anexa à igreja Nossa Senhora do Carmo desabou há 18 meses -- uma construção em terreno vizinho teria motivado o desabamento. A igreja tombada de 1840 também não ficou como antes: uma parede inclinou e as outras racharam. Está fechada desde então.
No fim de agosto, a construtora Azevedo Marques, responsável pela obra do edifício, aceitou pagar os reparos. A obra ainda não tem prazo.


Reprodução da Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário