sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Comissões vão visitar DOI-Codi do Rio na 5ª

Comissões vão visitar DOI-Codi do Rio na 5ª
Acesso ao centro da repressão na ditadura foi liberado após conversas de senadores com Exército e ministro da Defesa
Em agosto, militares impediram membros da Comissão da Verdade do Rio e parlamentares de entrar no prédio

DE BRASÍLIA

Integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado vão visitar na próxima quinta-feira o quartel do Exército onde funcionou o DOI-Codi do Rio de Janeiro, um dos centros da repressão durante a ditadura militar.
Os senadores vão levar membros da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual da Verdade do Rio --que em agosto foram impedidos pelo comando do Exército de visitar o local.
Os senadores dizem acreditar que desta vez não haverá restrições à entrada dos integrantes das comissões, uma vez que a visita dos congressistas foi negociada com o ministro da Defesa, Celso Amorim, e com o general Enzo Peri, comandante do Exército.
Um grupo de senadores se reuniu com Amorim e Peri na terça-feira. O requerimento que autoriza a ida dos senadores foi aprovado ontem pela Comissão de Direitos Humanos do Senado.
Os congressistas chegaram a aprovar autorização para diligência no antigo DOI-Codi, mas a Comissão de Direitos Humanos transformou a ida em convite depois que o general formalizou a autorização para que o grupo conheça o local.
"Se eles vetarem a entrada de senadores, eu vou dizer que eles continuam mandando no Brasil. Eles queriam que fossem apenas senadores, mas os integrantes da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual estarão nos acompanhando", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
O senador João Capiberibe (PSB-AP), que vai participar da visita, disse que o objetivo dos congressistas é articular a criação de um memorial contra a ditadura militar e contra os crimes de tortura que ocorreram no local.
Na conversa com o general, segundo Capiberibe, Peri demonstrou preocupação com a possibilidade de as comissões "revolverem o passado na expectativa de punição, como se fosse uma ideia revanchista".
O senador disse a Peri que essa não é a intenção dos congressistas, mas afirmou que "não dá para esquecer que alguns de seus integrantes praticaram crimes contra a humanidade".

ENTRADA VETADA

Em agosto, o CML (Comando Militar do Leste) vetou a visita da Comissão Estadual da Verdade do Rio às dependências do antigo DOI-Codi. Deputados e membros da comissão foram barrados ao tentar visitar o 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionava o aparelho de repressão durante a ditadura militar.
O objetivo da visita era pressionar para que o prédio seja tombado e se torne um centro de memória sobre a tortura.
O CML impediu a visita sob o argumento de que a comissão não tem respaldo legal para fazer diligência em área administrada pelo governo.
De acordo com Wadih Damous, presidente da comissão do Rio, o Exército havia sido notificado sobre a visita, mas informou que não permitiria a entrada.
Entre as pessoas que foram presas no local, está o deputado federal cassado Rubens Paiva, que desapareceu em 1971 após comparecer ao DOI-Codi para prestar depoimento.

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