segunda-feira, 30 de setembro de 2013

NSA usa dados para traçar perfil de americano, diz NYT

NSA usa dados para traçar perfil de americano, diz NYT
Há três anos, agência faz análise que antes era restrita a alvos estrangeiros
Metadados telefônicos são cruzados também com informações bancárias e até de localização por GPS
DE SÃO PAULO

O "New York Times" revelou ontem que, desde 2010, a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) submete dados telefônicos e de internet de cidadãos americanos a análises computacionais para elaborar gráficos identificando suas conexões, seus companheiros de viagens, sua localização em determinados momentos e outras informações pessoais.
Esses dados são ainda combinados com informações de fontes públicas, empresariais e outras para elaborar um perfil mais completo do alvo da espionagem. Como exemplo dessas outras informações, o "New York Times" cita códigos bancários, dados de seguros, perfis de Facebook e até localizações por GPS.
A revelação foi feita com base em documentos vazados pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden --que, desde junho, vem divulgando o alcance da atuação da agência-- e em conversas com outros ex-funcionários do governo.
O jornal diz ainda que esse tipo de análise era vetado até 2010, mas as restrições acabaram sendo levantadas para permitir a descoberta de conexões entre os alvos de monitoramento da NSA no exterior e pessoas nos EUA.
Antes, a agência já coletava os chamados metadados (que incluem, por exemplo, o registro dos números ligados e a localização e duração das chamadas, mas não seu conteúdo). No entanto, a análise computacional para o estabelecimento da rede de contatos era permitida apenas no caso de estrangeiros.
Segundo o "NYT", essa análise permite à agência descobrir os amigos e conhecidos das pessoas em questão, identificar onde elas estavam em determinado momento, obter pistas sobre filiações políticas ou religiosas e detectar comunicações sensíveis como a com um amante ou com um parceiro de conspiração.
"É o equivalente digital de seguir um suspeito", disse à publicação americana o professor Orin S.Kerr, da universidade George Washington.
O "NYT" informa ainda que a NSA vinha pressionando pelo menos desde 1999 para poder fazer esse tipo de análise de dados de americanos. Isso porque os agentes de inteligência ficavam frustrados por ter de interromper o monitoramento das redes de contatos de suspeitos no exterior quando ela levava a telefones ou emails de americanos.
Em 2006, novo pedido foi feito para a realização desse tipo de análise. Em 2008, o governo Bush deu sua autorização, e teve início um projeto piloto, com duração de um ano e meio. Em novembro de 2010, a política foi adotada de forma definitiva.
Em um memorando de 2011 sobre a mudança, foi explicado que os contatos de americanos poderiam ser rastreados desde que isso fosse importante para o trabalho de inteligência no exterior. Os detalhes não deveriam ser divulgados a outras agências, a não ser quando indispensável.
Os documentos obtidos de Snowden não revelam quantos cidadãos do país foram afetados pela medida.


Reprodução da Folha de São Paulo

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