quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Radicais querem Estado islâmico na Síria

Radicais querem Estado islâmico na Síria
Grupo de facções rebeldes divulga na internet vídeo em que rejeita autoridade da oposição apoiada pelo Ocidente
Fundamentalistas têm preocupado potências, que hesitam em dar armas aos rebeldes por temor de extremismo
DIOGO BERCITODE JERUSALÉM

Um grupo de facções rebeldes publicou na internet um anúncio em vídeo rejeitando a autoridade da oposição apoiada pelo Ocidente, pedindo que a insurgência na Síria seja organizada em torno de princípios islâmicos.
Tais grupos militantes, de início ausentes das manifestações pacíficas que levaram às revoltas na Síria, em março de 2011, têm ganhado terreno e poder de fogo durante o conflito civil no país.
Na semana passada, a organização Estado Islâmico do Iraque e do Levante tomou uma cidade na fronteira com a Turquia, até então em mãos de rebeldes de viés secular. Foi necessária a mediação de um terceiro grupo para interromper o conflito.
Há também frequente embate na província de Deir Ezzor, ao leste, com disputas entre extremistas e a Brigada Allahu Akbar, de oposição.
Entre as ao menos 13 facções do anúncio estão as já notórias Jabhat al-Nusra, ligada à Al Qaeda, e a Brigada Tawhid, que afirmam agora que a oposição síria no exterior "não nos representa e não será reconhecida por nós".
A mensagem citava especificamente a Coalizão Nacional Síria, que tem falado em nome da insurgência síria durante encontros no exterior, contando com um escritório em Washington (EUA).
"[As facções] pedem que todas as forças militares e civis se unam em torno de princípios islâmicos baseados na lei islâmica, que deve ser a única fonte para a legislação", afirma o anúncio.
Folha confirmou com um dos líderes da Brigada Tawhid que a mensagem divulgada é de fato autêntica.
Ontem, o Departamento de Estado dos EUA advertiu que a fragmentação da oposição síria só interessa ao regime do ditador Bashar al-Assad.
O crescimento da vocação fundamentalista da oposição síria preocupa as potências internacionais, que há tempos hesitam em dar ajuda militar à insurgência, citando justamente o temor de que os armamentos sejam usados no futuro por extremistas.
ACORDO
Após semanas de impasse, ontem surgiram sinais de que um acordo no Conselho de Segurança da ONU para tratar o tema do arsenal químico sírio pode estar próximo.
O vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, disse à Associated Press que a resolução negociada por Moscou e as demais integrantes do conselho pode ser fechada num prazo de dois dias.
Gatilov afirmou que o texto citará o capítulo 7 da Carta da ONU, que permite ações militares. Disse, porém, que sua aplicação não é automática e que, se preciso, seria negociada nova resolução.


Reprodução da Folha de São Paulo

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