Ex-presidente Carter revela câncer avançado
Democrata, que governou os EUA entre 1977 e 1981, descobriu doença durante cirurgia no fígado; ela já teria se espalhado
Aos 90, Carter mantém agenda de viagens, participando de ações de seu centro, com foco em direitos humanos
O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, 90, revelou nesta quarta (12) que tem câncer. Em um breve comunicado, informou que o diagnóstico foi feito após uma cirurgia e não especificou o tipo de câncer.
"Uma cirurgia recente no fígado revelou que tenho câncer, que agora está em outras partes do meu corpo", disse o ex-presidente, em anúncio publicado pelo Centro Carter.
"Um comunicado público mais completo será feito quando os fatos forem conhecidos, possivelmente na próxima semana."
Não foi revelado onde a doença teve origem, mas, segundo a rede de TV CNN, a família de Carter tem um histórico de câncer no pâncreas.
O irmão do ex-presidente e suas duas irmãs morreram de câncer, assim como seus pais.
Em entrevista ao "The New York Times" em 2007, ele refletiu sobre o histórico familiar com resignação. "Sou profundamente religioso. Sou um fatalista de 82 anos e tive uma vida boa", disse. Em outra entrevista, mais recente, ele contou que todos os membros de sua família fumavam, menos ele.
O presidente Barack Obama lamentou a notícia. "Nossos pensamentos e orações estão com Rosalynn [mulher de Carter] e toda a família Carter num momento em que enfrentam este desafio com a mesma dignidade e determinação que mostraram tantas vezes", afirmou Obama, num comunicado.
Apesar da idade avançada, o ex-presidente mantém-se ativo, com frequentes viagens ao exterior, participando das atividades do Centro Carter, dedicado aos direitos humanos. Uma das principais ações da entidade é fiscalizar eleições ao redor do mundo.
O ativismo valeu a Carter o prêmio Nobel da Paz de 2002. Ao justificar a escolha, o comitê afirmou que levou em conta "décadas de incansável esforço para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, avançar a democracia e os direitos humanos e promover o desenvolvimento econômico e social".
Ele é um dos quatro ex-presidentes americanos vivos, ao lado de George Bush, Bill Clinton e George W. Bush.
James Earl Carter foi o 39º presidente dos EUA e governou o país entre 1977 e 1981.
Apesar da ênfase nos direitos humanos e na solução diplomática de conflitos internacionais, sua presidência ficou marcada por eventos negativos, como a recessão econômica nos EUA e a crise dos reféns na embaixada americana em Teerã, (1979-1981).
Além do Centro Carter, o ex-presidente também estava envolvido em temas internacionais como membro do grupo "The Elders" (os anciões), ao lado de personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan e o arcebispo sul-africano Desmond Tutu.
Um dos principais focos do ativismo de Carter é o conflito entre Israel e os palestinos.
Em entrevista à Folha em 2010, ele criticou os EUA pela parcialidade em favor de Israel e aplaudiu a então ambição do governo brasileiro de ter um papel relevante na solução do conflito.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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