O fato de mais de 80% da categoria votarem pela recondução de Rodrigo Janot ao cargo de Procurador Geral da República é uma demonstração expressiva do pensamento majoritário dos procuradores em relação a Lava Jato.
Essa demonstração de prestígio traz créditos e responsabilidades a Janot.
O crédito é de reforçar seu nome na votação do Senado. Se o seu nome for rejeitado, os senadores terão pela frente um Ministério Público ainda mais agressivo, independentemente do procurador que for escolhido. E abrir caminho para livrar o país da mancha de ver a Câmara Federal comandada por um parlamentar do nível de Eduardo Cunha.
A responsabilidade é reduzir o show midiático, acelerar os trabalhos da Lava Jato e comprovar de forma cabal que não existem mais territórios blindados.
Enquanto não se identificar claramente os parlamentares ameaçados, não haverá espaço para um acordo político que coloque uma pausa no incêndio político. E é hora de conter os vazamentos indiscriminados de depoimentos, de jogar para as manchetes meras suposições e de alimentar esse jogo sem limites da mídia. A Lava Jato já tem resultados, o acesso a todos os dados e a concordância dos tribunais superiores. Não tem mais a necessidade de se valer do tribunal midiático, ainda mais conhecendo-se o nível de quem comanda o roteiro em alguns veículos de mídia.
Ontem, o senador Romário desmascarou de forma cabal a jogada da Veja. A revista valeu-se de um documento falsificado para tentar inibir os trabalhos de Romário na CPI da CBF. E atribuiu a origem do documento ao Ministério Público Federal.
O banco suíço BSI denunciou a falsificação ao Ministério Público suíço. E por aqui? Além de se valer de uma falsificação, a revista atribuiu-a a um procurador, valeu-se da reputação do Ministério Público Federal para dar verossimilhança à sua falsificação. Só admitiu a burla quando informada que o banco suíço havia feito a denúncia ao MP suíço.
Esse poder da Veja, de falsificar provas, documentos, de invocar o Ministério Público em suas jogadas, foi-lhe conferido pela parceria com procuradores, pela imagem que passa de conseguir transformar qualquer factoide em representação do MPF.
Esta semana os procuradores pediram a prisão de um jornalista, devido a pagamentos recebidos de empreiteiras envolvidas na Lava Jato. No entanto, a exaustiva exposição de provas da parceria da Veja com a organização criminosa do bicheiro Carlinhos Cachoeira não produziu um resultado sequer. Os crimes da Abril foram expostos pela Operação Monte Carlo e pela CPMI de Cachoeira. Mas o MPF não se moveu. E Cachoeira provavelmente voltou a trabalhar sem ser incomodado, depois que o país constatou que ele tinha padrinhos fortes na mídia.
Reprodução do Blog do Luís Nassif.
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