A liderança de Anthony Garotinho (agora mais apertada) nas pesquisas de intenções de voto para o governo do Rio de Janeiro pode ser chocante, em certo sentido da palavra, mas não chega a ser surpreendente.
Segundo o IBGE, o Estado do Rio tem 16,4 milhões de habitantes, sendo 6,4 milhões na capital. Em eleitores, são quase 12 milhões no Estado, sendo 4,6 milhões na capital. Ou seja, a disputa é decidida muito longe dos barzinhos da zona sul carioca, onde se esboçam vômitos à simples menção do nome do deputado e ex-governador.
Sérgio Cabral não tinha brilho próprio no interior do Estado para vencer a eleição de 2006. Precisou do apoio do casal Garotinho/Rosinha, que despachava no Palácio no Guanabara havia oito anos.
Rei morto, rei posto. Cabral se desfez da desagradável companhia e tomou para si a máquina de poder que Garotinho controlava.
Desde então, tendo como QG a cidade de Campos dos Goytacazes (governada a partir de 2010 por Rosinha), o casal Matheus vem reasfaltando a estrada que pode culminar no pote de ouro, roendo pedaços do esquema de Cabral e de seu sucessor-candidato Pezão.
É claro que não há uma vírgula de idealismo nessa guerra. Nos dois exércitos há milicianos, traficantes, grupos de transporte ilegal, corretores religiosos, sugadores de verbas públicas e agentes políticos de quase todas as facções, incluindo o PT, cuja seção fluminense ganhou de Garotinho a perfeita alcunha de "partido da boquinha".
Vença quem vencer, há duas certezas: o Rio não melhorará; e a maioria dos derrotados logo recomporá com o vencedor, pois se alimenta do leite que sai dos cofres estaduais.
O que está em jogo, como sempre, é dinheiro e poder. Quem viu "O Poderoso Chefão" sabe como funciona. A disputa é para ver quem será o "Don".
Texto de Luiz Fernando Vianna, na Folha de São Paulo.
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