Marina não tem 'nenhum resquício de fanatismo', diz pastor
Segundo religioso próximo, ela formou rede de apoio com influência cada vez menor de lideranças evangélicas
Integrante da Igreja Assembleia de Deus desde o final dos anos 1990, Marina Silva (PSB) se aproximou de grupos evangélicos mais progressistas, repetindo o que fizera na juventude católica.
Atualmente um dos pastores mais próximos da candidata do PSB à Presidência é Caio Fábio D'Araújo Filho, 59. Na comunidade evangélica, acumula polêmicas pelas posições mais abertas sobre casamento gay e divórcio e também pelas críticas ferinas a líderes conservadores.
No mundo político, Caio Fábio, como é chamado, ficou conhecido pelo envolvimento no "dossiê Cayman".
Em 2011, foi condenado em primeira instância a quatro anos de prisão por elaborar documentos com denúncias envolvendo a cúpula do PSDB na campanha de 1998. O pastor nega responsabilidade e recorreu da decisão.
Atualmente "desigrejado", como se define, Caio Fábio disse à Folha que se tornou íntimo de Marina nos últimos dez anos, quando passou a viver em Brasília.
Ao descrever a influência da religiosidade nas posições da candidata, disse que Marina não tem "nenhum resquício de fanatismo". "Seus dogmas são pessoais. A fala dela é a do bom senso."
"É uma coisa idiota alguém pensar que o Brasil pode se tornar um Irã, um califado evangélico, um país evangélico taleban. Isso é idiotice, loucura e insanidade", complementou o pastor.
REDE PRÓPRIA
Questionado sobre a popularidade de Marina entre as denominações evangélicas, afirmou que a candidata formou sua própria rede de apoio e de eleitores, que, segundo ele, sofrem cada vez menos influência de suas lideranças religiosas.
"Esse tempo de encabrestamento só existe na cabeça dos líderes oportunistas."
Marina tem mais votos entre os eleitores evangélicos do que sua média total, segundo pesquisa Datafolha divulgada na sexta (29).
No primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff (PT) e Marina aparecem empatadas com 34% das intenções de voto. Mas a candidata do PSB leva vantagem entre os evangélicos pentecostais (41% a 30%) e entre os não pentecostais (44% a 29%).
Segundo o pastor, Marina também é rejeitada por não participar de iniciativas conservadoras, como a manifestação em junho do ano passado contra o aborto e o casamento gay.
"Eles querem dela um grito de ruptura, que ela proponha um movimento evangélicos contra isso ou aquilo'. Aí ela vira persona non grata' por ser uma pessoa infinitamente superior à mentalidade desses trogloditas", afirmou Caio Fábio.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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