Houve um período em que ou o país acabava com a saúva, ou a saúva com o Brasil. Havia aqueles que achavam que governar era apenas abrir estradas.
Essa tipo de visão monofásica é característica da sociedades pouco evoluídas, com baixo grau de inteligência coletiva. Curiosamente o Brasil parece composto de diversas camadas arqueológicas. Mas nenhuma é tão anacrônica quanto as discussões públicas sobre projetos de país.
O sujeito saca uma bandeira única para ingressar na discussão.
O macroeconomista primário dirá que basta superávit fiscal para devolver a confiança ao agente econômico e o crescimento se fazer por si só. O desenvolvimentista primário dirá que bastará criar demanda para a oferta surgir.
Fernando Henrique Cardoso julgava que bastaria estimular grandes grupos financeiros ligados ao mercado mundial, para o desenvolvimento vir a reboque.
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Uma ala liberal vende a ideia de que o único papel do Estado é prover educação. Garantida a educação, os demais fatores virão atrás: desenvolvimento, redução das desigualdades.
Processos de desenvolvimento são sistêmicos, uma articulação dos diversos fatores. Nenhum fator necessário para o desenvolvimento é suficiente. Ou seja, basta por si.
Voltemos à educação. É possível desenvolver o país até determinados níveis valendo-se da super-exploração da mão de obra não especializada. Se pretender saltos posteriores, terá que oferecer empregos de valor agregado.
E aí entram as complementariedades da visão sistêmica. Não se terá desenvolvimento sustentado sem educação universal e de qualidade. Mas também não se terá educação de qualidade sem o desenvolvimento paralelo.
Um projeto educacional não se faz no vazio. As pessoas estudam na perspectiva de uma profissão no meio ou no fim do curso. E um país valoriza mais ou menos a educação dependendo do seu nível de desenvolvimento. É só lembrar a geração de engenheiros que largou a profissão quando houve o desmonte do setor de construção.
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É por esses aspectos que um projeto de desenvolvimento é composto por diversos fatores, obedecendo e compondo a mesma lógica e obedecendo inclusive a requisitos de temporalidade.
Fala-se muito no milagre coreano, entendido como fruto da educação. Antes dela, houve um início de industrialização amparada pelo Estado e por uma moeda desvalorizada. Ganhava-se com mão de obra barata (na moeda local e em dólares). Depois, à medida que os salários cresciam, crescia a capacitação e os investimentos do país em pesquisa e desenvolvimento.
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O Brasil chegou a um estágio em que tem presente todas as peças do quebra-cabeças do desenvolvimento, de mercado de capitais potencialmente dinâmico e políticas de apoio a pequenas e micro empresas; de um ensino universalizado avançando para formação técnica; de grandes bancos públicos a mercado interno pujante.
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Daí a importância de se sair da monocultura temática para as visões complexas de projetos de desenvolvimento. É por aí que precisam ser analisados os programas explícitos e implícitos dos diversos candidatos a presidente. Para saber quem perde e quem ganha com cada qual. Mas, principalmente, entender qual deles aponta com mais consistência o futuro.
Reprodução do Blog do Luís Nassif.
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