Tele diz que países têm acesso livre a dados
Britânica Vodafone revela que governos de seis locais onde ela atua recebem livremente informações de usuários
Empresa, que atua em 29 países, não divulga os nomes dos governos que utilizam dados, por questão de segurança
A Vodafone, uma das maiores operadoras mundiais de telefonia móvel, revelou nesta sexta (6) a existência de um sistema secreto que permite que agências de governos ouçam todas as conversas em suas redes.
Segundo a companhia britânica, presente em 29 países, o sistema funciona em seis deles. A empresa não forneceu os nomes por receio de colocar em risco seus funcionários nesses locais.
Entre os países de atuação da Vodafone estão Reino Unido, Espanha, Turquia, Índia, Qatar, África do Sul, Egito e Austrália.
A empresa diz que o sistema permite que países ouçam e gravem conversas e, em certos casos, rastreiem o paradeiro de um usuário.
A Vodafone afirma que fez a revelação por ser contra o uso cada vez mais amplo de redes de telefonia e banda larga para espionar cidadãos.
"Para os governos, ter acesso fácil a um celular é um poder aterrorizante", diz Shami Chakrarbarti, diretor da Liberty, ONG de direitos civis britânica.
Sistemas de acesso direto não requerem mandados, e a companhia não tem informações sobre a identidade e o número de clientes que se tornam alvo de espionagem.
A vigilância em massa pode acontecer em qualquer rede de telecomunicações sem que as agências do governo precisem justificar sua intrusão à companhia envolvida.
Fontes do setor dizem que, em alguns casos, o sistema de acesso direto consiste de equipamento em uma sala trancada na central de processamento de dados da rede ou em uma de suas centrais locais de comutação.
O pessoal que trabalha nessa sala é pago pelas empresas de telecomunicações, mas tem licenças de segurança do Estado e no geral está proibido de discutir qualquer aspecto do seu trabalho com outras áreas da companhia.
A Vodafone afirma que requer que todos os seus funcionários sigam o código de conduta da empresa, mas o sigilo dispõe que nem sempre seja possível determinar que eles de fato o façam.
Agências do governo também podem interceptar dados a caminho de centrais de processamento, vasculhando conversas antes de encaminhá-las à operadora.
Stephen Deadman, executivo encarregado de questões de privacidade a Vodafone, disse que "esses cabos existem, o modelo de acesso direto existe".
"Nós estamos fazendo um apelo para pôr fim ao acesso direto como meio de as agências do governo obterem dados sobre as comunicações das pessoas", declarou Deadman.
A empresa afirma que os governos deveriam "desencorajar as agências e autoridades de buscar acesso direto à infraestrutura de comunicações de uma operadora sem mandado judicial".
Reprodução da Folha de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário