Trabalhadores protestam nos EUA contra valor do mínimo
Funcionários de lanchonetes de fast-food pararam ontem em represália ao salário de cerca de R$ 17 a hora e pedem reajuste
Funcionários de lanchonetes de comida rápida em 130 cidades americanas pararam ontem em protesto contra o baixo valor do salário mínimo, de US$ 7,25 a hora (cerca de R$ 17).
Não há estatística sobre a adesão, mas o jornal "The New York Times" já a chamou de "maior onda de greves do setor de comida rápida na história".
Na semana passada, durante a promoção da "Black Friday", milhares de funcionários da rede varejista Walmart também protestaram.
No início deste ano, o presidente Barack Obama pediu ao Congresso que aprovasse o aumento do salário mínimo para US$ 10,10 por hora (o último reajuste foi em 2009).
Porém, o projeto, aprovado pelo Senado (controlado pelos democratas), não entrou nem sequer em votação na Câmara dos Representantes, que é dominada pela oposição republicana.
Líderes dos trabalhadores do setor pedem a Obama que assine uma "ordem executiva", a versão americana das medidas provisórias, e que não espere o Congresso.
O salário anual médio de um trabalhador do setor de fast-food é de US$ 16 mil, ou US$ 1.335 por mês (R$ 3.137). A linha de pobreza no país é de US$ 23 mil (para uma família de quatro pessoas) e de US$ 11 mil para quem vive só.
Em Washington, o salário mínimo subiu para US$ 11,50 --o maior do país é de US$ 15, na região metropolitana de Seattle. Talvez, por isso, os protestos na capital do país foram reduzidos --apenas três lanchonetes fecharam, uma delas o McDonald's do Museu Aeroespacial.
Em 19 Estados dos 50 do país, há um salário mínimo local com valor superior ao federal.
AJUDA SINDICAL
Por causa da alta rotatividade do setor, a categoria tem baixo índice de sindicalização. A União Internacional dos Empregados em Serviços, uma central sindical, acabou emprestando sua estrutura para o movimento.
Pouco mais da metade dos trabalhadores que recebem salário mínimo no país tem entre 18 e 24 anos de idade.
Microempresários têm reclamado que o aumento do salário causaria inflação e empresas pequenas teriam que demitir pessoal.
Sindicatos argumentam que o aumento dos salários beneficiaria toda a economia, com o maior poder de compra dos estimados 3 milhões de empregados do setor.
Em valores ajustados ao dólar de 2012, o salário mínimo atingiu seu maior valor em 1968, segundo o centro de pesquisas Pew.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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