Câmera retrô conquista clientes para a Fujifilm
Por ERIC PFANNER
TÓQUIO - Como outros fabricantes de câmeras fotográficas, a Fujifilm foi prejudicada pela ascensão do smartphone, que basicamente colocou uma câmera compacta básica no bolso de cada usuário. Tentando frear essa tendência, as empresas que produziam essas máquinas recorreram a várias estratégias.
Algumas equiparam suas câmeras com elementos semelhantes aos de um smartphone. Já a Fujifilm seguiu o caminho oposto, apostando numa linha que lembra a Leica clássica: um corpo similar a uma caixa retangular e lentes cilíndricas retas.
Embora pareçam máquinas fotográficas de 60 ou 70 anos atrás, as câmeras da série X da Fujifilm são digitais. E, diferentemente de outras câmeras, conquistaram os consumidores.
A criação pareceu lógica para a empresa. Ao longo dos últimos dez anos, enquanto a rival Eastman Kodak escorregava para a falência, a Fujifilm se transformava de fabricante de filmes de 35 milímetros em provedora de tecnologias digitais. A Fujifilm ainda produz filmes, mas hoje eles são responsáveis por menos de 1% de suas vendas.
"Devido ao nosso histórico com filmes, a qualidade da imagem era importante. Mas a qualidade da imagem é difícil de explicar, por isso precisávamos de outra coisa", disse Hiroshi Kawahara, gerente de marketing da divisão de câmeras da Fujifilm, explicando o design retrô da câmera.
A empresa diz que desde que foi lançado o primeiro modelo da série X, o X100, em 2011, 700 mil aparelhos foram vendidos.
O nome se refere ao fato de que essas câmeras eliminam o espelho interno que, nas câmeras reflex, permite ao usuário compor através da lente enquanto o obturador está fechado. Com câmeras sem espelho, o fotógrafo compõe com a tela LCD ou um visor separado. Nos últimos anos, outras marcas, como Olympus, Sony e Nikon, também acrescentaram modelos sem espelho a suas linhas.
As câmeras sem espelho são consideravelmente mais caras que as compactas, mas menores e mais leves que as SLR (câmeras reflex monobjetivas) digitais.
O Fujifilm X-E2, upgrade recém-lançado do X-E1, custa cerca de US$ 1.000. Como é o caso da máquina Nikon, o preço se aplica apenas ao corpo da câmera. A lente é adicional.
"As pessoas interessadas nesse tipo de câmera não vão se contentar com um smartphone", disse Jordan Selburn, analista na IHS iSuppli, na Califórnia.
Masazumi Imai, designer da série X, explicou que a companhia entrevistou fotógrafos profissionais para saber suas preferências em relação a tudo, desde o plástico que cobre parte das câmeras até a cor da máquina.
O objetivo era conferir respeitabilidade aos aparelhos, para que profissionais se dispusessem a experimentá-los. "Quando éramos pequenos e entrávamos no quarto de nosso pai ou avô, havia uma câmera de aparência importante sobre a estante. Nos diziam que não podíamos tocá-la, porque era valiosa", comentou Imai. "Quisemos criar esse tipo de aparência e sensação."
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