Os rebeldes sírios querem usar as religiosas sequestradas do seu convento em Maalula, norte de Damasco, como "escudos humanos", acusou nesta quarta-feira o jornal sírio Al-Watan.
"As forças do exército sírio começaram a chegar na região de Maalula para restaurar a segurança, porque centenas de rebeldes semearam o caos na cidade, penetrando através das montanhas e sequestrando 12 freiras sírias e libanesas para leva-las a Yabroud", uma cidade a nordeste de Maalula, indicou o jornal próximo ao poder. "Os terroristas irão usá-las como escudos humanos", acusou.
Yabroud é o próximo objetivo do exército sírio, que com a ajuda do poderoso movimento libanês Hezbollah e combatentes xiitas iraquianos, lidera uma ofensiva para retomar o controle da área estratégica de Qalamoun, ao norte de Damasco, perto da fronteira com o Líbano.
De acordo com a madre superiora do Convento de Saydnaya, Fibronia Nabhane, que conseguiu falar ao telefone com a madre superiora de Maalula, Pelagia Sayyaf, segunda-feira à noite as religiosas "forsam levadas a uma casa em Yabroud e ninguém as incomoda".
Segundo o núncio apostólico na Síria, o bispo Mario Zenari, as irmãs foram obrigadas por um grupo armado a deixar o mosteiro e seguir pela estrada até Yabroud. O representante do Vaticano não sabia dizer que elas haviam sido sequestradas.
A França expressou sua preocupação quanto as últimas informações "indicando um rapto ou uma saída forçada" das religiosas.
Além disso, "as forças do governo bombardearam durante toda a madrugada desta quarta-feira zonas na cidade de Yabroud, ferindo várias pessoas", indicou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
"Um oficial do exército sírio foi morto em combates com a Frente Al-Nosra (filiada à Al- Qaeda) e batalhões islâmicos no perímetro da cidade de Maaloula", acrescentou o OSDH.
O papa Francisco orou nesta quarta-feira pelas 12 freiras ortodoxas que foram obrigadas a abandonar seu convento e por toda as pessoas sequestradas nesse país.
Após a audiência geral na Praça de São Pedro, o papa falou das freiras do convento greco-ortodoxo de Santa Tecla em Maalula, levadas a força por homens armados.
"Rezamos por estas freiras e por todas as pessoas sequestradas devido ao conflito. Continuamos rezando e trabalhando juntos pela paz", afirmou, rezando em seguida uma Ave Maria em latim.
Os rebeldes sírios, incluindo jihadistas da Frente Al-Nosra tomaram na segunda-feira a cidade cristã de Maalula, segundo a OSDH.
Eles já haviam assumido o controle da cidade em 9 de setembro, antes de o exército sírio expulsá-los três dias depois. Desde então, as trocas de tiros são diárias.
Maaloula, localizada 55 km ao norte de Damasco, possui um grande número de igrejas.
É famosa por seus abrigos rupestres que datam dos primeiros séculos do cristianismo. A maioria de seus habitantes cristãos são gregos-católicos que falam aramaico, a língua de Cristo.
Reprodução de reportagem da AFP no Terra.
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