quinta-feira, 18 de junho de 2015

Série desnuda material bruto de fotógrafos

Série desnuda material bruto de fotógrafos

Coleção clássica revela folhas de contato usadas na época da fotografia analógica por nomes como Cartier-Bresson
Divididos em três DVDs, pequenos documentários são lançados no país pelo Instituto Moreira Salles 20 anos após a sua criação
DAIGO OLIVAEDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Henri Cartier-Bresson as encarava como uma ida ao divã. Helmut Newton sempre se emocionava ao se deparar com elas. Josef Koudelka as colocava na parede para ter certeza de suas escolhas.
Antes indispensáveis, hoje abandonadas à força pelo digital, as folhas de contatos guiavam a relação dos fotógrafos com a edição de seus trabalhos. Nelas, os negativos eram revelados e, com uma lupa, escolhia-se a imagem.
Para entender as particularidades de cada fotógrafo com esta etapa da produção, o americano William Klein começou a reunir, há mais de 20 anos, depoimentos de gigantes como Elliott Erwitt e Robert Doisneau.
"Contatos", como foram batizados os mini documentários, é lançado agora no Brasil, em DVD, pelo Instituto Moreira Salles. O primeiro dos três volumes, com 12 episódios, passeia pelo arquivo de fotojornalistas celebrados.
Para José Carlos Avellar, 75, responsável pelos DVDs, a análise dos contatos desmistifica a ideia de que uma grande imagem seja fruto de "um momento único". A sucessão de registros revela que a mesma cena foi registrada muitas vezes até chegar ao quadro definitivo.
No entanto, Elliott Erwitt, conhecido pelo humor em seus ensaios, discorda. Em depoimento à série, o americano diz que fazia muitas imagens num mesmo trabalho para dar aos editores a sensação de que estavam escolhendo algo. Brincadeiras de lado, o processo de edição pelas folhas também demonstra a persistência desses profissionais até contar uma história com perfeição.
Os volumes seguintes, previstos para agosto e outubro, tratarão da fotografia contemporânea e da conceitual, com depoimentos de Sophie Calle e Wolfgang Tillmans.
Se estas abordagens são mais próximas da maneira como fotografamos hoje, Avellar defende que os artistas presentes no primeiro volume já produziam, ao menos em quantidade, de maneira similar à realizada agora. "Com o digital, tira-se muito mais fotos para selecionar uma imagem do que na época do analógico."

CONTATOS VOL. 1
LANÇAMENTO IMS
QUANTO R$ 44,90
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

Reprodução da Folha de São Paulo

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