quarta-feira, 17 de junho de 2015

Com acordo distante, Grécia diz ter sido pilhada por credores

Com acordo distante, Grécia diz ter sido pilhada por credores

Impasse em negociação da dívida grega faz Bolsas recuarem pelo mundo; no Brasil, Ibovespa caiu 0,4%
Reunião de ministros da zona do euro na quinta é vista como última chance para um acerto ser obtido
DE SÃO PAULO

O principal índice de ações da Bolsa brasileira fechou em queda, acompanhando o mau humor dos mercados internacionais, diante do impasse para um acordo entre Grécia e seus credores.
O Ibovespa perdeu 0,39%, para 53.137 pontos. Os mercados de ações da Europa tiveram baixa de mais de 1%. Nos EUA, as Bolsas de Nova York recuaram entre 0,4% e 0,6%.
A Grécia e as instituições que representam os seus credores não conseguiram chegar a um acordo no domingo (14) para que o país possa receber mais ajuda financeira em troca de reformas até o fim do mês, quando poderá dar um calote da dívida se não conseguir novos fundos.
O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, ignorou pedidos de líderes europeus para agir rapidamente. Em vez disso, ele culpou credores pelo rompimento no domingo das conversas de reformas em troca de recursos.
Tsipras acusou os credores gregos (FMI e União Europeia) de pilhar os país nos últimos anos e disse que não vai ceder às suas exigências.
A declaração foi interpretada entre as autoridades europeias como um sinal de que está cada mais difícil chegar a um acordo que impeça a saída grega da UE.
Os ministros das Finanças da zona do euro se reúnem nesta quinta-feira (18), em encontro que é visto como a última oportunidade para um acordo ser fechado.
Atenas tem apenas duas semanas para encontrar um modo de sair do impasse antes de se ver diante de um pagamento de € 1,6 bilhão ao FMI, potencialmente deixando o país sem dinheiro, sem poder tomar empréstimos.
Na reunião de domingo, os gregos e a Comissão Europeia chegaram a um acordo sobre as metas de superavit primário (economia para pagar juros da dívida) neste ano e em 2016, porém houve divergências sobre as estratégias para atingir a meta.
Além disso, o governo grego deixou claro que não vai acertar cortes nos gastos com Previdência do país nem mudanças propostas no sistema tributário para ampliar a arrecadação. A posição de Atenas fez os negociadores do FMI abandonarem o país europeu na semana passada, porque não houve avanços para um possível acordo.
"Estamos defendendo a dignidade de nosso povo e as aspirações de todos os europeus. Não podemos ignorar essa responsabilidade. Não é uma questão de teimosia ideológica, tem a ver com democracia", disse Tsipras.
Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse a um comitê do Parlamento Europeu que, embora todas as partes envolvidas nas negociações precisassem "se esforçar além do limite", a bola estava "claramente no campo do governo grego", que precisa agir se deseja garantir um acordo.

EFEITOS

Um calote no FMI teria consequências profundas. O Banco Central Europeu provavelmente teria que parar de conceder empréstimos de emergência a bancos gregos, que sofreram enormes retiradas de poupadores.
Atenas, então, provavelmente terá que responder com controles de capital, reduzir saques de depósitos e pagamentos no exterior, em uma série de eventos que colocaria o futuro da Grécia no euro em grave perigo.

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