sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Franceses protestam contra deportações

Franceses protestam contra deportações
Expulsões de menina de Kosovo e garoto armênio levam milhares de estudantes às ruas; governo investiga casos
Leonarda Dibrani, 15, foi abordada quando voltava de uma viagem com a classe e obrigada a deixar o país europeu
DA ASSOCIATED PRESS

Milhares de adolescentes franceses ergueram barricadas diante de escolas e marcharam por Paris ontem para protestar contra a expulsão de famílias de imigrantes do país.
A polícia chegou a usar gás lacrimogêneo contra um grupo que arremessou objetos, mas a maior parte do protesto correu pacificamente.
Alguns manifestantes subiram em abrigos de ônibus para pedir aos gritos que o ministro do Interior, Manuel Valls, renuncie.
O estopim para a ação foi o tratamento dado a uma garota kosovar de 15 anos, detida diante de seus colegas em uma viagem da escola e depois deportada para seu país.
O governo diz que sua família, de oito pessoas, teve negado o pedido de asilo e não poderia mais ficar na França.
Expulsões como essas vêm acontecendo regularmente no país europeu, como parte dos esforços do governo para conter a imigração ilegal.
Mas o tratamento dado à garota se provou especialmente controverso --críticos dizem que a polícia traiu a imagem da França como defensora dos direitos humanos.
Com os protestos, os estudantes esperam pressionar o governo, liderado pelo Partido Socialista, a permitir o retorno ao país da adolescente kosovar e de outro menino armênio recentemente expulso, Khatchik Kachatryan, 18.
"Todos merecem uma oportunidade. Todos merecem um emprego. Todos merecem uma família. E quando as crianças tentam conseguir isso, a França não permite. Esse não é o meu país", disse o estudante Romain Desprez.
Os manifestantes tentaram marchar até a sede do Ministério do Interior, mas foram bloqueados pela polícia de choque e se dispersaram.
Leonarda Dibrani, a menina kosovar expulsa, disse que deseja voltar à França.
Segundo ativistas, a família dela fugiu de Kosovo porque eles são ciganos e enfrentavam discriminação.
"Minha casa é a França", disse Dibrani em francês. "Não falo o idioma daqui, não conheço ninguém. Só quero voltar para a França e esquecer tudo que aconteceu." O governo lançou uma investigação sobre o caso e deve divulgar hoje as conclusões.


Reprodução da Folha de São Paulo

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