segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Como se acobertou a morte de Amarildo?

A Polícia Civil do Rio parece ter desvendado o caso do pedreiro Amarildo. Ele teria sido assassinado na UPP da Rocinha. Já estão presos um major e nove PMs.
Falta a PM explicar como seu deu a tentativa de acobertamento do crime. Como pifaram as câmeras que teriam registrado a saída do cidadão? Com que frequência elas pifam? Como e por que surgiu a versão segundo a qual traficantes puseram seu cadáver num carro de lixo? Como prosperou a história segundo a qual o traficante "Catatau" contou que Amarildo fora morto por bandidos?
Policiais asfixiando um preso com o saco de plástico da aplaudida cena de "Tropa de Elite" é um crime praticado por poucas pessoas. O acobertamento precisa de mais gente e da compreensão dos superiores. Ele corrói a instituição. A disciplina militar não pode impedir que se mate um preso, mas a instituição não pode carregar a fraude. Em 1971 o Exército acobertou o assassinato de Rubens Paiva no DOI do Rio. Inventaram um sequestro implausível, durante o qual ele teria fugido. O assassino de Paiva pode estar morto. Um dos oficiais que teriam tirado o cadáver do DOI já morreu, mas a fraude permanece, intacta, encravada na instituição.


Trecho da coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo

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