quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Automação fica mais sofisticada e impacta geração de empregos

Durante o mesmo período de 15 anos no qual a tecnologia digital se inseriu em praticamente todos os aspectos da vida, o mercado de trabalho vem sofrendo de uma longa enfermidade.
Mesmo com a melhora recente na economia norte-americana, a proporção dos adultos em idade de trabalho que estão empregados é substancialmente menor do que uma década atrás --e inferior à de qualquer momento da década de 1990.
Os economistas por muito tempo argumentaram que, da mesma forma que os fabricantes de charretes deram lugar a fábricas de carros, a tecnologia criaria número de empregos tão alto quanto o de empregos que viesse a destruir. Agora, muita gente já não está tão certa disso.
Lawrence Summers, antigo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, diz que já não acredita que a automação sempre criará novos empregos. "Não estamos falando de alguma possibilidade hipotética futura", disse, "mas de algo que está emergindo diante de nossos olhos agora".
Erik Brynjolfsson, economista do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), diz que "esse é o maior desafio para a nossa sociedade na próxima década".
A inteligência artificial ganhou muito mais sofisticação, com máquinas que se tornaram capazes de aprender, e não apenas seguir instruções programadas, e de responder a instruções verbais e movimentos humanos.
Trabalhadores se sentem ameaçados pela tecnologia. Em uma recente pesquisa do "New York Times", CBS e Kaiser Family Foundation entre norte-americanos desempregados com idades entre os 25 e os 54 anos, 37% disseram desejar trabalhar, e que a tecnologia era o motivo para que não encontrassem emprego.
Proporção ainda maior dos entrevistados --46%-- mencionou "falta de educação ou capacitação necessária para os empregos disponíveis".
Os veículos sem motorista são um exemplo dessas tendências cruzadas. Podem tirar caminhoneiros e taxistas do mercado de trabalho --ou podem permitir que os motoristas se tornem mais produtivos durante o período que passam dirigindo, o que pode lhes valer renda maior.
Mas para que o resultado mais feliz aconteça, os motoristas teriam de adquirir a capacitação necessária a realizar novos tipos de trabalho.
"Vamos entrar em um mundo com mais riqueza e menos necessidade de trabalhar", disse Brynjolfsson. "Mas se ficarmos no piloto automático, não há garantia de que isso vá funcionar."

Texto de Claire Cain Miller, para o The New York Times, reproduzido na Folha de São Paulo.

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