quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PT e PSDB no Juízo Final


Oposição e situação copiam-se em quase tudo. Há alguns dias, O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), correu em defesa do presidente da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Mário Bandeira, indiciado pela Polícia Federal na investigação sobre o cartel de empresas que se apossou das licitações de trens em São Paulo, entre 1998 e 2008, sob as barbas tucanas. Alckmin rasgou-se em elogios ao cidadão alvejado pela PF considerando-o “extremamente respeitado”. Afirmou que a administração estadual pretende analisar os documentos da devassa policial “para não fazer injustiça”.
Essa prudência os tucanos não têm quando se trata do petismo.
Depois dessa manifestação orgulhosa do governador paulista, o petismo respondeu na mesma moeda. O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho, defendeu a presidente da Petrobras, a atolada Graça Foster: “Mulher séria, honesta e competente”. Vicentinho agigantou-se: “A presidenta Graça Foster, quando prestou depoimentos no Congresso, me transmitiu muita sinceridade. Eu acredito muito nela. Não basta uma denúncia na imprensa. Então, é preciso provar em que circunstâncias se deu o fato”. Essa prudência toda os petistas não têm quando se trata da oposição, especialmente diante dos rolos do tucanato.
Quem bota petistas e tucanos no mesmo saco são as empreiteiras amigas. A última fase da operação Lava-Jato, batizada com acerto de Juízo Final, colocou a mão em cima de planilhas de doações eleitorais da Queiroz Galvão. Não se pode criticar a empreiteira por falta de critérios nem por exclusão ideológica. O critério de distribuição de recursos da Queiroz Galvão é simples: “De acordo com a planilha, datada de 2014, para chegar ao valor da doação ao político a empreiteira fazia um cálculo sobre o valor recebido por determinada obra”.
– Pai, como pode uma empresa que só trabalha para governos fazer doações de campanha para candidatos?
Essa teria sido a pergunta de uma criança precoce a um pai desnorteado cuja resposta foi clássica:
– Política é assim mesmo, filho.
A Queiroz Galvão admitiu ter calculado uma “ProfPart” para o PSDB do candidato Geraldo Alckmin como retribuição pelos ganhos no VLT (referência provável ao Veículo Leve sobre Trilhos da Baixada Santista). Tinha até fórmula: sobre o faturamento R$ 117,5 milhões incidia o cálculo de “1,5%” vezes “66%”, resultando numa doação de R$ 1,16 milhão. A generosa Queiroz Galvão doou R$ 3,7 milhões ao PSDB nas eleições de 2014. A campanha de Dilma Rousseff levou R$ 3,5 milhões. O diretório nacional do PT ganhou outros R$ 11,1 milhões. José Serra (PSDB), Paulo Skaf (PMDB) e Henrique Eduardo Alves (PMDB) também foram aquinhoados com uma graninha milionária da empresa.
Na planilha da Queiroz Galvão, José Serra, Paulo Skaf e Henrique Eduardo Alves aparecem com as iniciais JS, PS e EA como nas piores anotações descobertas em agendas aprendidas em gavetas de cuecas. A oposição tenta provar que toda essa bandalheira é culpa do PT, que se defende lembrando que estão todos no mesmo barco, embora a pilotagem nacional seja petista, não esquecendo que o PDSB pilota o navio paulista há 20 anos.
Eles se “equiatolam”.

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