sábado, 13 de dezembro de 2014

Exército de Israel mata ministro palestino


Exército de Israel mata ministro palestino


Responsável por assuntos relacionados a colônias israelenses, Ziad Abu Ein teria sido golpeado com culatra de fuzil
Líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas diz que não ficará em silêncio; israelenses prometem investigar
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ministro palestino Ziad Abu Ein, 55, morreu nesta quarta-feira (10) em Turmus Aya, perto de Ramallah, pouco depois de ter sido atingido por soldados israelenses em um protesto na Cisjordânia.
Abu Ein era o encarregado da Autoridade Palestina para assuntos ligados à colonização israelense em territórios palestinos.
Segundo testemunhas, ele morreu após ter sido atingido fortemente no peito pela culatra de um fuzil e na cabeça por um capacete, além de ter inalado gás lacrimogêneo.
Cerca de cem ativistas estrangeiros e palestinos, assim como o Comitê para Resistir aos Assentamentos e ao Muro, organização chefiada por Abu Ein, iriam plantar oliveiras e protestar perto de um assentamento israelense quando foram parados.
Um grupo de cerca de 15 soldados disparou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, iniciando o confronto em uma parcela de terras confiscadas de famílias palestinas para ampliar um assentamento de colonos judeus.

'TODAS AS OPÇÕES'

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou que a morte de Abu Ein foi "um ato bárbaro, sobre o qual não podemos ficar em silêncio".
Ele anunciou três dias de luto nacional e disse que tomaria as medidas necessárias após uma investigação.
Na abertura de uma reunião extraordinária em Ramallah, Abbas acrescentou que "todas as opções estavam abertas" à discussão.
Alguns membros do governo poderiam exigir o fim da cooperação de segurança com Israel, declarou à agência AFP um funcionário próxima da direção palestina.
Na reunião, Abbas alertou que Israel "divulgará muitas versões sobre o que aconteceu". "Dirão que o soldado que o agrediu tinha problemas mentais, que a morte foi em consequência de um ataque do coração, que o político nem estava no local. Mas temos fotos", afirmou.

ISRAEL E UE

Em Israel, o ministro de Defesa, Moshe Yaalon, lamentou a morte e informou que o caso está sendo investigado.
O coordenador das atividades israelenses nos territórios palestinos, general Yoav Mordechai, e o diretor-geral de Assuntos Civis da Autoridade Palestina, Hussein al Sheikh, concordaram que um patologista israelense integre a delegação de médicos da Jordânia que analisará as circunstâncias da morte.
Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), pediu uma investigação independente e disse que os relatos de uso excessivo da força por Israel "são extremamente preocupantes".


Reprodução da Folha de São Paulo.


Atualização na Folha de São Paulo, no dia seguinte abaixo. Vale relembrar as palavras do presidente Abbas: "Israel divulgará muitas versões sobre o que aconteceu". "Dirão que o soldado que o agrediu tinha problemas mentais, que a morte foi em consequência de um ataque do coração, que o político nem estava no local. (...)"


Médicos divergem sobre morte de palestino

Legistas israelenses afirmam que causa foi ataque cardíaco; para palestinos, foi em decorrência de golpe de militar
Ministro Ziad Abu Ein morreu anteontem durante um protesto após confrontos com soldados de Israel
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Médicos israelenses e palestinos discordam sobre o que causou a morte do ministro palestino Ziad Abu Ein, 55, após confronto com soldados de Israel.
Depois de uma autópsia conjunta, palestinos concluíram que ele morreu em decorrência de um golpe dado por um soldado israelense.
"O resultado da autópsia mostra que as forças de ocupação israelenses mataram Ziad Abu Ain", disse Jawad Awad, ministro da Saúde palestino. Já os israelenses afirmam que um ataque cardíaco foi a causa da morte. Segundo eles, o ministro tinha problemas no coração.
"Ele teve um ataque cardíaco. Há sinais de que o bloqueio das artérias pode ter sido causado por estresse, mas nada aconteceria se ele fosse uma pessoa saudável", disse o patologista israelense Chen Kugel a um canal de TV.
Abu Ein participava nesta quarta (10) de uma marcha cujo objetivo era plantar oliveiras perto da vila de Turmus Aya, ao norte de Ramallah, para "reclamar" e "proteger" as terras confiscadas por um assentamento judeu.
Ele foi agredido por um militar israelense, que o segurou pelo pescoço, em cena filmada e fotografada. Palestinos afirmaram, contudo, que o ministro também foi atingido no peito por uma culatra de fuzil e na cabeça por um capacete, além de ter inalado gás lacrimogêneo.
Teme-se que a morte possa gerar uma nova escalada de violência na região, que vive clima tenso há meses.
Milhares de pessoas se aglomeraram perto da sede do governo palestino, em Ramallah, para receber o corpo do ministro.
O caixão chegou coberto pela bandeira palestina, junto com uma comitiva liderada pelo presidente Mahmoud Abbas e por seu primeiro ministro, Rami Hamdallah.
A multidão acompanhou o corpo pelas ruas de Ramallah até a cidade vizinha de Al Brieh, onde houve o enterro.

RECONHECIMENTO

Numa votação apertada, o Senado francês aprovou resolução que reconhece o Estado Palestino. A medida já havia sido aprovada na semana passada pela Câmara. A decisão, no entanto, tem apenas caráter simbólico.

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