Acusadas de cartel têm R$ 600 mi bloqueados
Empresas são suspeitas de conluio para fraudar licitações de trens em governos do PSDB em SP de 1998 a 2008
Decisão judicial atinge Alstom, CAF, Siemens, Bombardier, Mitsui e TTrans; firmas já têm executivos indiciados
A Justiça Federal em São Paulo determinou o bloqueio de cerca de R$ 600 milhões de empresas acusadas de formação de cartel para fraudar licitações de trens em São Paulo de 1998 a 2008, durante governos do PSDB.
Foram alvo do sequestro de bens Alstom, CAF, Siemens, Bombardier, Mitsui e TTrans.
Na semana passada, executivos destas mesmas empresas foram indiciados no inquérito da Polícia Federal que investiga a atuação do cartel para combinar resultados de licitações e corromper servidores do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Foram denunciadas 33 pessoas, entre elas o presidente da CPTM, Mário Manuel Bandeira, que nega a prática de irregularidades.
Além disso, o Ministério Público de São Paulo ingressou com ação civil pública contra 11 empresas para restituição de R$ 418 milhões aos cofres públicos por suspeitas de irregularidades em contratos de manutenção preventiva de trens da CPTM.
Em julho de 2013, a Folha revelou que a multinacional Siemens delatou a autoridades antitruste a existência de um cartel em licitações para obras e serviços de manutenção do Metrô e da CPTM.
Papéis da firma entregues ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), do governo federal, mostravam que a gestão paulista teria dado aval ao conluio.
A empresa fez acordo que lhe garantirá imunidade se as denúncias forem comprovadas. Além da Siemens, o cartel envolveria Alstom, Bombardier, CAF, Mitsui e TTrans, entre outras. O esquema teria começado em 1998, na gestão Mário Covas, e ido até 2008.
OUTRO LADO
Procurada pela Folha, a Siemens afirmou que "proativamente compartilhou com as autoridades os resultados de sua auditoria interna que deram origem às atuais investigações quanto à possível existência de um cartel no setor metroferroviário".
A multinacional alemã disse ainda que "sempre desejou e apoiou o total esclarecimento" pelas investigações.
A Alstom informou que entrará com as "medidas cabíveis legais para reverter a situação". A Bombardier disse seguir "os mais altos padrões éticos em todos os países onde atua" e que sempre colaborou com as investigações.
Até a conclusão desta edição, a reportagem não havia localizado representantes da CAF, da Mitsui e da TTrans para comentar a decisão.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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