Morre no Egito o ator Omar Sharif, aos 83
Vítima do Alzheimer, galã de 'Doutor Jivago' e 'Lawrence da Arábia' impôs padrão de beleza exótica a Hollywood
Interpretando de Che Guevara a Gengis Khan, artista tinha presença e eficácia no cinema quase inesgotáveis
O ator egípcio Omar Sharif, conhecido pelos trabalhos em "Doutor Jivago" e "Lawrence da Arábia", morreu nesta sexta (10), aos 83, no Cairo. O artista sofria de Alzheimer.
Entre 1954 e 1962, ele já havia trabalhado no Egito em mais de 20 filmes, sendo três deles com Youssef Chahine, o mais célebre diretor do Oriente Médio, o único com reconhecimento internacional.
Mas foi como o Sherif Ali de "Lawrence da Arábia", que o britânico David Lean realizou em 1962, que começou a se tornar um dos ícones do cinema mundial entre os anos 1960 e 1970. O papel lhe valeu a indicação ao Oscar de melhor coadjuvante e a transferência para Hollywood.
Começava então não só a se afirmar como ator eficiente como a demonstrar o carisma, essa qualidade de estrela que o acompanharia desde então.
Se em "A Queda do Império Romano" (1964), de Anthony Mann, sua presença era discreta, com "Doutor Jivago", no ano seguinte, é que Sharif estoura mesmo, ao ganhar o papel título da adaptação do livro de Boris Pasternak, de novo sob a direção de Lean.
O lugar de Sharif era único: impôs um tipo de beleza masculina rara no cinema americano. Foi galã com traço exótico, mas perfeitamente ocidentalizável, que tanto podia fazer um árabe como emplacar Gengis Khan ou um latino como Che Guevara, que interpretou em "Causa Perdida" (1969), de Richard Fleischer.
Os anos 1970 são marcados por filmes pouco marcantes, embora vários não irrelevantes, como "Sementes de Tamarindo" (1974).
A partir de então, Sharif passa a existir muito mais em função de seu mito do que de novas atuações marcantes. Fez aparições relâmpago, como em "A Nova Transa da Pantera Cor de Rosa" (1976), e papéis centrais em comédias como "Top Secret! Super Confidencial" (1984).
Em seguida, fez telefilmes, dublagens de animações e filma, na Europa, entre outros, "O Ladrão do Arco-Íris" (1990), de Alejandro Jodorowski (quando reencontra Peter O'Toole, de "Lawrence da Arábia"), e "Monsieur Ibrahim et les Fleurs du Coran", que lhe valeu o prêmio César de melhor ator em 2003.
Depois de uma aparição em "Um Castelo na Itália" (2013), de Valeria Bruni Tedeschi, seu último papel em um longa seria na produção franco-marroquina "Rock the Casbah", do mesmo ano.
Mais do que o galã árabe-russo-latino que Hollywood celebrizou, Sharif foi sobretudo, ao longo de 60 anos, um ator de presença e eficácia quase inesgotáveis.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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