O primeiro é Gilmar Mendes, Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Gilmar tem por hábito montar seminários do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público) contando com patrocínios de grandes grupos com causas no STF. Nunca se declarou impedido nem de solicitar os patrocínios nem de julgar as causas.
Mas não o julguem mal por isso. Só um homem extremamente probo - como ele - pode se dar ao luxo de arrostar o pecado sem pecar. É o Santo Antão do Supremo.
O segundo é Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Esse é um probo injustamente acusado pelo Ministério Público Federal, que confundiu propina com pagamento de dízimo.
O terceiro é Paulinho da Força. Foi injustamente acusado de receber propinas para impedir a continuação de uma greve no canteiro de obras do pagador. Não foi nada disso. Provavelmente trata-se de um prêmio em dinheiro concedido "ao pacificador do ano", pela inexcedível contribuição à paz social no país. É o nosso Ghandi redivivo.
No encontro dos três – Gilmar, Cunha e Paulinho – a Folha supôs que o tema principal fosse o impeachment de Dilma. Mas Gilmar esclareceu que “o tema central da conversa foi o Código de Processo Civil” (http://migre.me/qLquI).
Qual o interesse no Código Civil de dois acusados pela Lava Jato? Uma medalha da Madre Tereza para quem adivinhar. Muito provavelmente queriam saber das brechas processuais para estancar os inquéritos. Como, por exemplo, entrar com pedido de habeas corpus em dia de plantão de Gilmar Mendes no STF. Afinal, Gilmar é um conhecido “garantista”.
O quarto é o senador Aloyzio Nunes. Acusado de receber doações da UTC, foi categórico: "é uma acusação kafkiana, porque não tenho nenhuma influência na Petrobras". A UTC teve obras contratadas pelo governo de São Paulo no período em que Aloyzio foi vice-governador. Mas a troco de quê o repórter vai incomodar o senador com questão tão irrelevante (http://migre.me/qLqdg)? Aloyzio é a encarnação de Henry Fonda em "O Homem Errado", clássico de Hitchcock.
Cada cruzada moralista tem os catões que merecem. E não é papel dos jornais decepcionarem os leitores mais sonhadores. Pobre do país que não precisa de catões, dirão os muito crentes.
Reprodução do Blog do Luís Nassif.
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