Meninas-bomba do Boko Haram atacam Nigéria e Camarões
Ao menos 39 morreram em dois atentados no fim de semana; crianças envolvidas tinham cerca de dez anos
Origem e identidade das garotas não estão claras; extremistas sequestraram ao menos 2.000 jovens desde 2014
Ao menos 39 pessoas morreram em dois atentados terroristas com meninas-bomba na Nigéria e em Camarões neste fim de semana.
Ainda que não reivindicados, ambos os ataques foram atribuídos à facção islâmica Boko Haram.
As crianças tinham aproximadamente dez anos de idade.
Na Nigéria, 19 pessoas morreram no domingo (26) e outras 47 ficaram feridas com a explosão em um mercado lotado da cidade de Damaturu, capital do Estado de Yobe.
Já em Camarões, ao menos 20 pessoas morreram em uma ação similar na noite de sábado (25) em um bairro repleto de bares em Maroua.
O Boko Haram, que se declarou aliado dos extremistas do Estado Islâmico, surgiu na Nigéria em 2002. Nos últimos meses, a facção vem estendendo seus ataques a Camarões e Chade –países-membros de uma coalizão militar que tenta conter seu avanço no território nigeriano.
MENINAS COMO ARMAS
A identidade e a origem das meninas utilizadas nos atentados deste fim de semana não estão claras.
Em entrevista ao "Huffington Post", Elizabeth Pearson, jornalista e pesquisadora do Nigeria Security Network, disse que o uso de mulheres em ataques do Boko Haram é recente, tendo sido iniciado em junho de 2014.
Segundo ela, além de poucas, são conflitantes as informações sobre a origem das suicidas.
Desde o ano passado, o Boko Haram sequestrou ao menos 2.000 mulheres na Nigéria, segundo a Anistia Internacional –o caso mais emblemático foi o de Chibok, em abril de 2014, quando 276 meninas foram levadas de uma escola.
O episódio provocou comoção mundial e uma campanha na internet com a hashtag #BringBackOurGirls (traga nossas garotas de volta).
O paradeiro da maioria das jovens, no entanto, continua desconhecido. As que conseguiram escapar do cativeiro, por sua vez, não foram recebidas de braços abertos por suas comunidades,
Muitas foram estigmatizadas e insultadas como "mulheres do Boko Haram". A situação foi ainda pior para as que foram estupradas por extremistas e engravidaram.
Devido a toda essa situação, crescem os temores de que as meninas-bomba dos últimos ataques sejam, na realidade, jovens sequestradas pelos extremistas que foram obrigadas a servir como suicidas. No entanto, dizem analistas, essa ligação ainda não foi comprovada.
De acordo com Pearson, algumas das crianças apreendidas pela polícia vestindo detonadores nos últimos meses disseram às autoridades que haviam sido obrigadas pelos pais, apoiadores do Boko Haram, a fazer aquilo.
A pesquisadora também não descarta que existam mulheres que voluntariamente apoiem os extremistas.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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