sexta-feira, 29 de maio de 2015

Morre o escritor e letrista Sergio Napp, aos 75 anos

Morre o escritor e letrista Sergio Napp, aos 75 anos

Ele ficou conhecido por canções clássicas do regionalismo gaúcho, como "Canto Livre" e "Desgarrados"

O escritor e letrista Sergio Napp morreu por volta das 22h desta quinta-feira, aos 75 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Ele estava internado no Hospital Moinhos de Vento havia dois meses. O velório será realizado na Casa de Cultura Mario Quintana até as 17h. Depois, o corpo de Napp será cremado em Viamão, no Crematório e Cemitério Parque Saint Hilaire, em cerimônia fechada para a família.

– Ele era uma pessoa fantástica, uma pessoa sensível e um pouco melancólico até. Mas quem escreve tem que ter essa visão. Era uma pessoa que adora viajar. Super honesto, fiel. Um cara com um humor brincalhão, que muitas vezes as pessoas não entendiam – lamentou a nora, Tânia Michelena.

Engenheiro e professor universitário nascido em Giruá, Noroeste do Rio Grande do Sul, em 1939, Napp foi um intelectual múltiplo. Ficou conhecido por canções clássicas do regionalismo gaúcho, como Canto Livre, composta em parceria com Fernando Cardoso e Jair Kobe, e Desgarrados, com Mário Barbará.

Vencedoras de festivais nativistas no início dos anos 1980, essas músicas deram reconhecimento ao autor que desde a década de 1960 vinha se dedicando à poesia e à composição. São dele as canções Meus Olhos, gravada por Elis Regina,Pequeno Sol, por Hebe Camargo, e Tempo de Partir, por Clara Nunes e Walter Matesco. 

Desgarrados faturou a Calhandra de Ouro na Califórnia da Canção Nativa, em 1981, e foi regravada dezenas de vezes, inclusive na Alemanha. Canto Livre acabou originando o grupo vocal homônimo, lançado com o disco de mesmo nome, também de 1981. 

A formação original do Canto Livre, incluindo Jair Kobe, o Guri de Uruguaiana,reuniu-se para um show que levou grande público ao Theatro São Pedro em agosto de 2014. 

Durante toda a década de 1980, Sergio Napp recebeu prêmios em diversos eventos da chamada era de ouro dos festivais no Rio Grande do Sul. Atuando com os parceiros de Desgarrados e Canto Livre, compôs Campesina, Recuerdos, Morada e Esse Gaiteiro, entre outras. 

Com Marco Aurélio Vasconcellos, assinou Punhais de Valentia. E, com Edson Vieira e Cláudio Amaro, O Grito e Paisagem, esta última vencedora da Tertúlia da Canção Nativista, de Santa Maria, em 1986. Em 1987, Napp assumiu a direção do então incipiente projeto da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), participando do projeto de recuperação do Hotel Majestic, onde o centro cultural seria inaugurado nos anos seguintes. 

Ele dirigiria a CCMQ em duas outras oportunidades, em 1997 e 2003. Ao longo desse período, destacou-se com a publicação de romances como Jogo de Circunstâncias e Pássaro dos Dias de Verão, ambos pela editora Tchê, livros de poesia, como Memórias das Águas (IEL) e Caixa de Guardados (Travessa dos Editores), e volumes infantojuvenis, a exemplo de A Gangue dos Livros (WS Editor). 

Algumas de suas centenas de canções estão reunidas nos discos Claridade, com músicas de temática urbana, e Mala de Garupa, este voltado aos temas regionalistas. Está presente em diversos outros registros, como Angela Jobim Canta Sergio Napp (álbum de 2008), Frente&Verso (parceria com Sérgio Souto),Signos (com Luciah Helena) e Vivências (com Geraldo Flach e Victor Hugo, atual secretário de Estado da Cultura). 

Napp foi colunista de Zero Hora. Seu último texto publicado na colunaPampianas, no Segundo Caderno, foi Rádio de Pilha, em 7 de fevereiro deste ano. Seu último livro foi No Cafundó das Estrelas, de poesia infantojuvenil, que saiu em 2013 com o selo da editora Paulinas. 

Sergio Napp deixa a mulher, Loreta, e dois filhos, André e Eduardo.

Reprodução do Jornal Zero Hora.

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