sexta-feira, 8 de maio de 2015

Família de Eduardo, morto há dois anos, continua atrás da verdade

Completam nesta quarta, dia 6 de maio, dois anos desde que Eduardo Vinicius Fösch dos Santos, então com 17 anos, faleceu. Desde lá, a família segue lutando para esclarecer as causas de sua morte.
Um novo capítulo pode ser escrito nos próximos dias, quando representantes da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa se reunirão com integrantes do Ministério Público para pedir esclarecimentos sobre o caso e buscar formas de dar celeridade à investigação. O encontro é resultado de uma manifestação realizada no dia 15 de abril, durante sessão da Comissão, em que a família expos a situação aos parlamentares.
“Logo que ocorreu, senti uma revolta muito grande. O tempo vai passando e vamos nos acostumando com a ausência. Mas tem um aspecto que não muda nunca, que é a agressão que meu filho sofreu. Ele foi abandonado sem socorro, ainda vivo e ficou agonizando por horas. Isso não vai mudar nunca, como o fato de ser o único menino negro na festa. São essas coisas que continuam alimentando minha sede por justiça”, explica a mãe, a bancária Jussara Regina Fösch.
Há mais de um ano, computadores aguardam perícia
O processo atualmente se encontra parado. Os computadores do condomínio, que contém as gravações das câmeras, foram aprendidos para laudo há mais de um ano e até agora aguardam a perícia.
Jussara também questiona o número de depoimentos colhidos – menos de 10% das 160 pessoas que compareceram a festa foram ouvidas. Por fim, foi pedida a quebra de sigilo telefônico de alguns dos convidados, que não foram disponibilizados pelas operadoras e não estão sendo cobrados pelas autoridades.
Entenda o caso
Eduardo era o único negro em uma festa promovida em uma residência do condomínio Jardim do Sol, em Porto Alegre, no dia 27 de abril de 2013. Foi encontrado no dia seguinte, semiconsciente, no pátio de uma casa vizinha onde ocorreu a festa. O jovem ficou em coma durante nove dias e veio a falecer por traumatismo craniano.
Na época, após investigações, a Polícia Civil entendeu que Eduardo teria caído de uma altura de seis metros e definiu o caso como acidente. Entretanto, a família e seus advogados acompanharam o inquérito e averiguaram que os ferimentos de Eduardo não condiziam com a tese.
A família procurou o Ministério Público, que decidiu pedir novas diligências sobre o caso. Em dezembro de 2014, a Polícia Civil voltou a devolver o inquérito no qual, novamente, avaliou que o caso se tratava de um acidente.
Como a Polícia Civil nunca requisitou a atuação do Instituto Geral de Perícias (IGP), a família decidiu contratar um perito para elaborar um laudo. Celso Menezes Danckward, no dia 25 de novembro de 2013, concluiu que Eduardo foi arremessado em estado semiconsciente ou inconsciente ao lugar em que foi encontrado.
Ao avaliar fotos e um vídeo, o perito concluiu que marcas na mão direita e no tórax, encontradas no corpo de Eduardo, indicavam a existência de luta corporal. Havia ainda uma lesão próximo a testa, que indicaria um golpe de um “objeto contundente”. Para tais conclusões, o perito analisou prontuários e exames médicos realizados no HPS.
O laudo do perito foi aceito pelo Ministério Público, que encaminhou o inquérito para a Vara do Júri. A Promotoria da Vara do Juri decidiu investigar o caso e não devolvê-lo à Delegacia. Desde lá, o processo está parado.
Reprodução do Sindicato dos Bancários

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