terça-feira, 5 de maio de 2015

Após protesto, premiê de Israel pede fim do racismo

Após protesto, premiê de Israel pede fim do racismo

Netanyahu recebe soldado de origem etíope que foi espancado por policiais
Vídeo de espancamento gerou manifestação que acabou com mais de 60 feridos; judeus etíopes veem integração difícil
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, pediu nesta segunda (4) a "erradicação" do racismo em Israel, depois de uma reunião de três horas com representantes da comunidade etíope no país e um encontro com o soldado Damas Fikadeh.
Negro de origem etíope, Fikadeh ficou conhecido após as redes sociais divulgarem um vídeo em que ele é espancado por dois policiais.
A revolta com o episódio de violência gerou protestos --o maior deles, que reuniu pelo menos 3.000 pessoas na capital, Tel Aviv, no domingo (3) à noite, terminou em tumulto, com mais de 60 manifestantes e policiais feridos.
Netanyahu recebeu o soldado em seu escritório em Jerusalém e o abraçou. "Fiquei chocado com as imagens. Não podemos aceitar esse tipo de coisa e vamos mudar isso", declarou o premiê no Twitter.
Depois da reunião com a comunidade de judeus etíopes, Netanyahu anunciou ter nomeado um comitê ministerial para tratar das dificuldades de integração enfrentadas por israelenses de origem africana em áreas como educação, habitação e emprego.
"Temos de estar unidos contra o fenômeno do racismo. Temos de denunciá-lo e erradicá-lo", disse o primeiro-ministro num comunicado.
Comentaristas israelenses afirmam que, apesar de ter recebido milhões de imigrantes em 60 anos, o país não superou os atritos nas relações entre judeus do Leste Europeu e do Oriente Médio, os oriundos da África e a minoria árabe.
"Há problemas de discriminação e racismo em Israel, e nós queremos que o premiê lide com isso", disse Fentahun Assefa-Dawit, diretor de um grupo de defesa dos israelenses etíopes, antes de se encontrar com o primeiro-ministro.
Dezenas de milhares de judeus etíopes foram levados a Israel em operações secretas nas décadas de 80 e 90, batizadas de "Operação Moisés" e "Operação Salomão", para resgatá-los da fome e da instabilidade política na África.
Hoje, calcula-se que eles sejam 130 mil em Israel, boa parte deles já nascida no país.


Reprodução da Folha de São Paulo

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