O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciará nesta sexta-feira (17) uma ampla revisão no programa de coleta da dados telefônicos da NSA (Agência Nacional de Segurança), que reúne informações tanto de estrangeiros quanto de cidadãos americanos, informou à agência Reuters um oficial do governo.
Em discurso programado para as 11h (14h no horário de Brasília) no Departamento de Justiça, Obama dará detalhes das mudanças que serão feitas no programa. O objeto do presidente é restaurar a confiança dos americanos nos serviços de inteligência do país, que ficou abalada após as revelações do ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, sobre as operações secretas que espionam ligações telefônicas e comunicações pela internet, que atingiram tanto líderes de governos, como Angela Merkel, quanto cidadãos comuns.
Em um sinal positivo para os defensores da privacidade, Obama deve declarar que o governo não irá armazenar os dados telefônicos coletados, uma decisão que pode frustrar alguns oficiais de inteligência.
"Tomaremos providências para modificar o programa, para que uma ordem judicial seja necessária para efetuar pesquisas no banco de dados", disse à Reuters o oficial do governo, que preferiu não se identificar.
De acordo com a agência Efe, em dezembro do ano passado um grupo de assessores convocados por Obama entregou 46 recomendações para a reforma dos programas de espionagem que geraram protestos dentro e fora dos EUA.
O governo assegura que a informação arrecadada é usada apenas para localizar suspeitos de terrorismo e que as autoridades não ouvem ligações telefônicas pessoais. Uma reportagem do jornal britânico "The Guardian" publicada nesta quinta-feira (16) afirma que a NSA teria coletado também cerca de 200 milhões de mensagens de texto diários (SMS) de celulares em todo o mundo para extrair informações sobre a localização, redes de contato e cartões de crédito dos usuários.
Entre as táticas de espionagem usadas pela agência americana, estão o sistema de vigilância Prism, que foi autorizado pelo artigo 702 de uma lei votada em 2008 pelo Congresso e é defendido como um dos instrumentos mais eficazes da NSA. Ele permite acessar e-mails, fotos e demais comunicações eletrônicas trocadas nos sites mais visitados do mundo, como Gmail, Hotmail e Skype.
Para alguns especialistas em espionagem, sistemas como o Prism não devem ser extintos ou sofrer grandes mudanças. "No que se refere ao programa 702, conservaremos, a grosso modo, a mesma estrutura que hoje", disse à AFP na terça-feira o professor Peter Swire, um ex-funcionário do governo e especialista no tema.
"Querem ter o direito a ser mais transparentes sobre os dados que proporcionam e as condições em que fazem isso", explicou à AFP Mark Rumold, da Electronic Frontier Foundation, mas, "em termos de reforma da legislação, não acho que o presidente Obama proponha grande coisa".
Reprodução do UOL Notícias.
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