quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Egito decide processar 20 jornalistas da Al Jazeera

Egito decide processar 20 jornalistas da Al Jazeera
Grupo de 16 egípcios e 4 estrangeiros é acusado de conspirar com terrorismo
Governo interino, sob domínio militar, fecha cerco à TV do Qatar, país que dava apoio a líder islamita deposto
DIOGO BERCITODE JERUSALÉM

A Promotoria do Egito anunciou ontem que acusou formalmente 20 jornalistas da sucursal da rede de televisão Al Jazeera --16 egípcios e 4 estrangeiros.
De acordo com o governo, os estrangeiros (um australiano, dois britânicos e uma holandesa) divulgaram "mentiras" que prejudicaram os interesses estatais, além de ter provido dinheiro e equipamento para os 16 egípcios --por sua vez, acusados de pertencer a uma "organização terrorista".
O canal, com sede no Qatar, já havia divulgado a detenção de três de seus jornalistas, incluindo o australiano Peter Greste, mas não está claro quem são os dois britânicos e a holandesa citados pela Promotoria.
Foi noticiado ontem, também, que o apelo de Greste, detido desde 29 de dezembro no país, foi negado por uma Corte egípcia.
Há, ainda, outros repórteres da rede Al Jazeera mantidos presos, alguns há cinco meses. O canal nega todas as acusações.
Os 20 acusados são descritos, nos papéis da Promotoria, como a "Célula Marriott", em referência ao hotel em que se hospedavam no Egito e de onde supostamente organizavam um centro de mídia para manipular dados.
Não está claro qual seria a entidade terrorista, mas o governo considerou recentemente como tal a Irmandade Muçulmana, que até julho de 2013 ocupava a Presidência.
O escritório da Al Jazeera no Cairo está fechado desde 3 de julho, data do golpe militar que derrubou o presidente Mohammed Mursi, ligado à Irmandade.
O Qatar foi um importante financiador do governo egípcio na época de Mursi, o que lhe valeu a inimizade da cúpula militar, hoje por trás do governo interino.


Reprodução da Folha de São Paulo

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