sábado, 10 de maio de 2014

Tudo pelo amor aos livros

Tudo pelo amor aos livros
Em Nova York, grupo de leitura faz topless para debater o gênero literário 'pulp fiction'
ISABEL FLECKDE NOVA YORK

Não fazia mais do que 10ºC quando as integrantes de um peculiar clube de leitoras de Nova York decidiram tirar novamente suas blusas e sutiãs, abrir os livros e retomar os encontros do grupo --suspensos durante o longo inverno-- no meio do Central Park, há três semanas.
Algumas ainda mantiveram um casaquinho fino ou um moletom, porém abertos na parte da frente --permitindo, assim, que o topless, propósito inicial do grupo, seguisse presente.
"Queremos abrir os olhos das pessoas ao fato de que é legal para as mulheres fazerem topless e de que o corpo da mulher não é mais vergonhoso ou mais sexual do que o do homem", diz Alethea Andrews, uma das fundadoras da "The Outdoor Co-Ed Topless Pulp Fiction Appreciation Society" (sociedade topless para todos os sexos de apreciação de "pulp fiction" ao ar livre).
Como o próprio nome já diz, as garotas do clube apreciam, além do topless ao ar livre, a "pulp fiction", gênero literário em que as personagens femininas são, geralmente, erotizadas.
"Escolhemos a pulp fiction' como nosso gênero porque é divertido e porque as mulheres das capas dos livros quase sempre estão escandalosamente despidas, como nós", afirma Andrews.
Os livros, contudo, entraram quase como um "apêndice" na história do grupo.
No verão de 2011, Andrews e uma amiga discutiam o fato de, apesar de o topless ser permitido em Nova York, as mulheres não exercerem esse direito. Para elas, o motivo principal era a desinformação.
"Então montamos um grupo para podermos fazer topless juntas. Transformamos num clube de leitura porque amamos livros e amamos passar nosso tempo com outras pessoas que amam os livros", afirma Andrews.
A ideia era chamar a atenção para a causa do topless. Mas nem tanto.
Depois que o grupo teve suas fotos publicadas no site "Huffington Post", as moças se incomodaram com o assédio da imprensa e não permitiram mais a presença de jornalistas nos encontros.
"Não queremos que nossos eventos tranquilos se tornem um circo midiático", diz Andrews. Perguntas, agora, só por e-mail.
O clube se encontra geralmente no Central Park, para onde as integrantes levam livros, toalhas e petiscos. A fundadora disse nunca ter tido problema com curiosos mais "assanhados".
"É claro, às vezes, um homem pode se sentar a uma proximidade desconfortável e ficar nos encarando, mas alguns o fariam também se estivéssemos de biquíni."
Quando as reuniões são privadas, nas coberturas de prédios, podem ser adicionadas algumas garrafas de espumante --e é permitido tirar toda a roupa.
"O principal, para nós, é relaxar ao sol com boas amigas, bons livros e boa conversa", diz Andrews.


Reprodução da Folha de São Paulo

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