Os pré-candidatos ao Planalto pelo PSDB, Aécio Neves, e pelo PSB, Eduardo Campos, defendem o fim da reeleição, mandatos de cinco anos e coincidências de todas as disputas eletivas, de vereador a presidente da República.
Para ir direto ao ponto, essas ideias de Aécio Neves e de Eduardo Campos são regressivas, induzem a menos participação popular e desidratam a democracia.
Hoje, brasileiros votamos a cada dois anos. Aécio e Campos querem ouvir os eleitores só a cada cinco anos: votem e fiquem quietos até a próxima eleição. Parecem desconhecer que as pessoas estão indo às ruas reclamar da baixa conexão com os políticos. Querem influir mais. Os candidatos de oposição vão na direção oposta. Sugerem aprofundar a distância entre os cidadãos e o poder.
O argumento a favor de eleições só a cada cinco anos é frágil. Eis a síntese: "O Brasil para a cada dois anos por causa das eleições". Não é verdade. Nada para. Todos continuam a trabalhar. Nem feriado há, pois a disputa é sempre no primeiro domingo de outubro. Democracias consolidadas têm eleições anuais. Funcionam muito bem. Por aqui, aliás, a Copa do Mundo paralisa muito mais os brasileiros do que uma eleição.
E a reeleição? O prefeito, o governador ou o presidente que deseja mais um mandato faz o diabo para ficar no cargo. Verdade? Às vezes sim, às vezes não. Mas não é esse o ponto. Mesmo sem reeleição os governantes já praticavam estripulias. Um exemplo clássico se deu em São Paulo, em 1990: Orestes Quércia estropiou o Banespa (antigo banco estatal paulista) para eleger Luiz Antônio Fleury no seu lugar.
As propostas de Aécio e Campos sinalizam uma reforma política analógica. Eles estão longe de entender o que seria necessário para aperfeiçoar o sistema eleitoral do país.
Por sorte, reforma política é algo muito falado e nunca executado. O Brasil não merece essas ideias.
Texto de Fernando Rodrigues, na Folha de São Paulo.
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