Vamos parar de enrolar a população: o STF havia decidido com
maioria de seis votos que qualquer réu em processo penal não poderia
presidir o Senado ou a Câmara dos Deputados, ou seja, estar na linha
sucessória do presidente da República. Não havia isto ou aquilo. Era réu
e ponto. Aí veio o caso Renan e o STF amarelou, pipocou, mostrou os
fundilhos. O decano Celso de Mello prestou-se a um papel vexatório. Foi
na frente para indicar a virada de mesa.
O STF conseguiu transformar Renan Calheiros em salvador da pátria.
Nada de novo. O STF legitimou o golpe contra Dilma.
Em 2017, deve ajudar a derrubar Temer para entregar o poder aos tucanos.
Por enquanto, opera para que o trabalho sujo das reformas seja feito.
Entre elas, a reforma da Previdência, que mata o candidato à aposentadoria para resolver o rombo das contas.
André Gorz falou em adeus ao proletariado.
Temer dá adeus ao aposentado.
Fica assim num resumo mais alentado. Nova lei: a ilegitimidade dá legitimidade para a aprovação de planos perversos. Parece que certas coisas só podem ser feitas por quem não foi eleito para o cargo ou, ao menos, não submeteu seu programa ao crivo do eleitor, esse ser com mania de pensar nos seus interesses como se fosse um empresário preocupado com seus negócios. O eleitor não é confiável. Tem essa mania de direitos adquiridos.
Aos fatos. O projeto do governo Michel Temer para a reforma da previdência é um tratado geral de maldade. Fica mais perverso ainda na medida em que é bancado por um presidente e por ministros que se aposentaram pouco depois dos 50 anos de idade e que até há pouco ganhavam acima do teto constitucional. Sejamos franco: o projeto praticamente acaba com a aposentadoria integral, mesmo pelo baixo teto do INSS, no Brasil. Para ter o benefício integral será preciso trabalhar 49 anos, dos 16 aos 65 anos. Jovens de classe média, que começam a ter carteira assinada pelos 23 anos, terão de trabalhar até os 72 anos para embolsar algo em torno de cinco mil reais por mês.
Na prática, cada um perderá pelo menos 20% do pouco que poderia receber. O governo montou uma máquina de chantagem para assustar a população: é isso ou o fim da previdência. Jornalistas globais, que ganham salários acima dos cem mil reais mensais, afirmam que se trata de medida cívica e salvacionista. Uma apresentadora chapa branca chegou a dizer: “Nós precisamos aprovar esse projeto”. Depois, corrigiu-se: “O governo preciosa…” Num país continental, com a expectativa média de vida no Nordeste incapaz de superar os 67 anos, será, para milhões de brasileiros, o fim da aposentadoria. A morte, que é ágil e econômica, chegará antes. Sem dúvida, é uma forma original e eficiente de resolver o chamado rombo da previdência.
As pensões de viúvos cairão pela metade. O homem deixará de ser ludens e demens para ser exclusivamente faber. Viverá para trabalhar até a morte. Só a loucura poderá salvá-lo do destino de peça na engrenagem econômica. Ao longo da vida de produtor da riqueza alheia será adestrado para consumir tudo o que não precisa. O sistema está treinado para rebater críticas à ideia de falsa necessidade alegando que o desnecessário para uns pode ser necessário para outros, inclusive 56 tipos diferentes de capas de celular. É possível que o governo esteja radicalizando para negociar. A idade mínima para aposentadoria dada a complexidade brasileira deveria ser de 60 anos.
Se alguém tinha dúvidas agora já sabe a razão do afastamento de Dilma Rousseff. O esclarecimento continuará com a reforma trabalhista. A modernidade requer sacrifícios de parte da plebe. Acontece que a elite não suportaria viver fora do seu padrão. Imagino o desconforto de Adriana Anselmo, ex-primeira dama do Rio de Janeiro, acostumada a joias caras pagas com dinheiro público. A infeliz terá de secar roupas íntimas numa basculante de presídio em Bangu. Reformas como essa da previdência sacrificam a maioria para poupar os poucos que só sabem viver nas alturas. Faz sentido. Pura perversão. Mas perversão precisa do aval da mídia para se tornar uma saída.
Adeus aos aposentados.
A morte nos salvará.
Reprodução do Blog do Juremir Machado da Silva no Correio do Povo.
O STF conseguiu transformar Renan Calheiros em salvador da pátria.
Nada de novo. O STF legitimou o golpe contra Dilma.
Em 2017, deve ajudar a derrubar Temer para entregar o poder aos tucanos.
Por enquanto, opera para que o trabalho sujo das reformas seja feito.
Entre elas, a reforma da Previdência, que mata o candidato à aposentadoria para resolver o rombo das contas.
André Gorz falou em adeus ao proletariado.
Temer dá adeus ao aposentado.
Fica assim num resumo mais alentado. Nova lei: a ilegitimidade dá legitimidade para a aprovação de planos perversos. Parece que certas coisas só podem ser feitas por quem não foi eleito para o cargo ou, ao menos, não submeteu seu programa ao crivo do eleitor, esse ser com mania de pensar nos seus interesses como se fosse um empresário preocupado com seus negócios. O eleitor não é confiável. Tem essa mania de direitos adquiridos.
Aos fatos. O projeto do governo Michel Temer para a reforma da previdência é um tratado geral de maldade. Fica mais perverso ainda na medida em que é bancado por um presidente e por ministros que se aposentaram pouco depois dos 50 anos de idade e que até há pouco ganhavam acima do teto constitucional. Sejamos franco: o projeto praticamente acaba com a aposentadoria integral, mesmo pelo baixo teto do INSS, no Brasil. Para ter o benefício integral será preciso trabalhar 49 anos, dos 16 aos 65 anos. Jovens de classe média, que começam a ter carteira assinada pelos 23 anos, terão de trabalhar até os 72 anos para embolsar algo em torno de cinco mil reais por mês.
Na prática, cada um perderá pelo menos 20% do pouco que poderia receber. O governo montou uma máquina de chantagem para assustar a população: é isso ou o fim da previdência. Jornalistas globais, que ganham salários acima dos cem mil reais mensais, afirmam que se trata de medida cívica e salvacionista. Uma apresentadora chapa branca chegou a dizer: “Nós precisamos aprovar esse projeto”. Depois, corrigiu-se: “O governo preciosa…” Num país continental, com a expectativa média de vida no Nordeste incapaz de superar os 67 anos, será, para milhões de brasileiros, o fim da aposentadoria. A morte, que é ágil e econômica, chegará antes. Sem dúvida, é uma forma original e eficiente de resolver o chamado rombo da previdência.
As pensões de viúvos cairão pela metade. O homem deixará de ser ludens e demens para ser exclusivamente faber. Viverá para trabalhar até a morte. Só a loucura poderá salvá-lo do destino de peça na engrenagem econômica. Ao longo da vida de produtor da riqueza alheia será adestrado para consumir tudo o que não precisa. O sistema está treinado para rebater críticas à ideia de falsa necessidade alegando que o desnecessário para uns pode ser necessário para outros, inclusive 56 tipos diferentes de capas de celular. É possível que o governo esteja radicalizando para negociar. A idade mínima para aposentadoria dada a complexidade brasileira deveria ser de 60 anos.
Se alguém tinha dúvidas agora já sabe a razão do afastamento de Dilma Rousseff. O esclarecimento continuará com a reforma trabalhista. A modernidade requer sacrifícios de parte da plebe. Acontece que a elite não suportaria viver fora do seu padrão. Imagino o desconforto de Adriana Anselmo, ex-primeira dama do Rio de Janeiro, acostumada a joias caras pagas com dinheiro público. A infeliz terá de secar roupas íntimas numa basculante de presídio em Bangu. Reformas como essa da previdência sacrificam a maioria para poupar os poucos que só sabem viver nas alturas. Faz sentido. Pura perversão. Mas perversão precisa do aval da mídia para se tornar uma saída.
Adeus aos aposentados.
A morte nos salvará.
Reprodução do Blog do Juremir Machado da Silva no Correio do Povo.
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